ESPN
FC: Por João Luis Jr.
Um
clichê bem batido da área de recursos humanos, mas bem batido mesmo, daqueles
usados pelo gerente de RH preguiçoso que te coloca numa sala com seus colegas
de trabalho e exibe um powerpoint sobre por que os pássaros voam em formato de
v, é o conceito de que “uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco”.
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Geuvânio em Grêmio x Flamengo - Foto: Lucas Uebel/Getty Images |
Isso
porque, contra o Grêmio, ficou claro mais uma vez que, ainda que as
fragilidades do grupo rubro-negro na temporada tenham grande relação com a
dificuldade de seus principais jogadores de assumir o protagonismo esperado,
elas também passam, e muito diretamente, pela imensa facilidade que alguns de
seus coadjuvantes ou figurantes têm de realmente atrair os holofotes, pegar as
rédeas do jogo nas mãos e decidir várias partidas - infelizmente, quase sempre
para o time adversário.
Afinal,
por mais que grande parte de nós tenha comprado a ideia do “grupo forte"
vendida no começo do ano, ficou claro, principalmente nos momentos de decisão,
que o Flamengo não tem o prometido grupo completo e de ponta, mas sim um grande
misturado de jogadores, que envolve desde jogadores de seleção brasileira até
atletas que, se disputassem pelo time dos solteiros a mesma pelada solteiros x
casados que você, te fariam propor um casamento de fachada ao seu porteiro
apenas para evitar depender deles pra ganhar qualquer coisa.
E é a
constante presença e o imenso volume de integrantes desse segundo grupo que
muitas vezes desequilibrou o Flamengo nesse ano. Éverton Ribeiro fez uma bela
jogada para abrir o placar? Rafael Vaz fez duas jogadas horrendas na defesa e
cedeu dois gols. Diego decidiu lá na frente? Pará decidiu aqui atrás com um gol
contra. Juan na defesa matou com categoria o ataque adversário? Gabriel lá na
frente não só matou 3 ataques nossos, como reduziu em seis meses a expectativa
de vida de toda a nossa torcida. E a soma dessa imensa série de erros
individuais, o acúmulo de todas essas falhas, vai claramente cobrar seu preço
durante os campeonatos. Afinal, se uma corrente é mesmo tão forte quanto seu
elo mais fraco, ter Rafael Vaz como esse elo claramente extingue qualquer
chance de que a sua corrente venha a conseguir segurar grandes coisas.
Nessas
horas, é claro, a saída mais fácil é criticar o jogador. Xingamos um zagueiro
na mesa do bar, reclamamos de um volante no twitter, pedimos a saída de um
atacante na caixa de comentários do portal. Mas da mesma forma que, se um
hospital contrata um hamster para ser chefe de cirurgia, a culpa é menos do
hamster por apenas comer sementes de girassol enquanto todos os pacientes
morrem e mais do hospital por considerar dar esse tipo de função para um roedor
de 10 cm que sequer tem polegares opositores, a culpa da presença desses
jogadores no time é muito mais do treinador e da diretoria do que dos jogadores
em si, que estão quase sempre apenas tentando honestamente realizar seu trabalho
dentro do máximo de suas capacidades, que infelizmente não são tantas.
Por
isso, diante do ano que o Flamengo teve, fica clara a necessidade de uma
reestruturação no elenco do time para 2017. Analisar com realismo as nossas
virtudes, reconhecer com consciência as nossas carências, mantendo jogadores
não por seu carisma, simpatia ou amizade no grupo, mas sim pelo nível técnico e
pela contribuição real que eles podem oferecer aos objetivos do clube.
Entrosamento
vem apenas com o tempo e a manutenção do grupo é sempre um fator importante
para o sucesso? Com certeza. Mas começa a parecer mais e mais complicado que a
solução para certos jogadores realmente seja “mais tempo” e vai se tornando
cada vez mais pertinente para o nosso 2018 uma outra frase feita, aquela que
diz que “a definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e
esperar resultados diferentes”.
E não
podemos nos dar ao luxo de ser malucos com alguns jogadores por mais um ano.
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