RODRIGO
MATTOS: Em crise de público, o Estadual do Rio tem restrições no calendário da
CBF e no contrato com a Globo para que sejam feitas alterações na fórmula de
disputa para o próximo ano. Há dentro da federação discussões sobre mudança no
formato, e a própria emissora vê como positiva essa discussão. A questão é que
modificações têm que ser feitas mantendo 18 datas sem possibilidade de ficar
sem jogos em determinados dias.
O
Estadual do Rio-2018 tem enfrentado uma crise de público e de atratividade, com
uma média de pagantes em torno de 3 mil pessoas. A Globo já demonstrou
preocupação com a baixa presença de torcedores no estádio. E a própria Ferj
reconheceu o problema quando questionada pelo blog:
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Foto: Gilvan de Souza |
Há
diversos motivos para essa queda na atratividade do Carioca, entre elas, a
violência do Rio de Janeiro, o baixo nível técnico dos jogos, problemas
enfrentados pelos grandes clubes no início do ano, falta do Maracanã. Entre os
questionamentos à Ferj (Federação do Estado do Rio de Janeiro), está a fórmula
do Estadual do Rio.
Pelo
formato atual, há dois turnos com semifinais e finais que contam pouco para a
fase decisiva, de fato, da competição. Triunfos da Taça Rio e da Taça Guanabara
só garantem vaga nas semifinais da competição, a não ser que o time vença
ambos. O formato é complexo para ser entendido pelo torcedor e deixa vários
jogos com pouco valor esportivo.
Para
mudar a fórmula, no entanto, a Ferj e os clubes enfrentam restrições por
compromissos assinados por eles mesmos. Por pressão das federações, o
calendário da CBF estabelece 18 datas para os Estaduais.
Baseado
nisso, a Ferj assinou um contrato com a Globo que prevê que todas essas datas
têm que ser ocupadas por partidas. Assim, caso a federação optasse por uma
redução do número de times e jogos, não poderia fazê-lo a não ser que reduzisse
o valor recebido pelo contrato com consequência para as cotas dos clubes. O
contrato tem valor de R$ 120 milhões, e se estende até 2024.
Não é
possível também usar a antiga fórmula do Carioca que tinha dois turnos e, se um
time vencesse os dois, levaria o título sem final. Isso deixaria duas datas em
aberto sem jogo do Estadual, o que é vetado pelo contrato.
Não há
resistência dentro da Globo a uma redução do número de datas do Estadual em
favor do Brasileiro, mas isso implicaria em uma queda do valor. Dentro do
calendário proposto, a emissora apoiaria uma mudança de formato desde que
dentro das condições contratuais.
Já, na
Ferj, há discussões para melhoria do Estadual. Já foi feita uma consulta ao
Conselho Nacional do Esporte que referendou que a legislação não impede
mudanças na fórmula para o próximo ano. Pode ser proposta nova fórmula que
seria votada no arbitral dos clubes.
A
federação não respondeu a perguntas sobre o contrato, alegando que respeita a
confidencialidade do acordo. Mas disse que há efeito dos horários dos jogos na
presença de público, e de aspectos comerciais que têm de ser respeitados.
Abaixo a posição:
°A
Federação de Futebol do Rio de Janeiro não se opõe ao debate sobre qualquer
aspecto que venha a contribuir para o crescimento do Campeonato. Mas fica o
registro que, seja qual for o formato ou adequação dele, não há chance de os aspectos
comerciais deixarem de ser considerados como fator preponderante. Assim não
fosse, bastaria que os clubes abdicassem do contrato de TV, colocassem as
partidas nos horários e locais que melhor lhes conviesse cobrassem preço de
ingresso bem barato. A fórmula não é a
única variável que influencia.''
O
contrato é válido por oito anos até 2024 para o caso dos três grandes clubes,
Fluminense, Vasco e Botafogo, e da Ferj. O Flamengo, que assinou um contrato em
separado com a mesma cota, tem compromisso até 2018.
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