RODRIGO
MATTOS: Ao abandonar o clube no início do ano, Reinaldo Rueda complicou a
temporada de 2018 do Flamengo. Diante do problema, a diretoria do clube tinha
duas vias: escolher um substituto com calma diante da falta de opções ou se
virar rápido com um dos disponíveis. Optou pelo segundo caminho muito por
influência do ex-diretor Rodrigo Caetano, que é próximo de Paulo César
Carpegiani, com a concordância da cúpula rubro-negra. Não deu certo.
Primeiro,
é preciso que se diga que toda demissão de técnico após apenas três meses é uma
admissão de que houve um equívoco na escolha feita por Caetano e pelo presidente
Eduardo Bandeira de Mello. É neste quadro que se encaixa a saída de Carpegiani
ainda no final de março depois de uma queda no Estadual.
Antes
de voltar ao Flamengo, Carpegiani tinha um currículo absolutamente pálido nos
últimos 20 anos. Nenhum título nacional relevante, nenhum trabalho marcante em
um grande clube, apenas algumas passagens razoáveis aqui e ali. Sua última
lembrança realmente positiva foi no comando do Paraguai na Copa-1998.
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Caetano e Carpegiani no Flamengo - Foto: Gilvan de Souza |
Caetano,
que já estava bastante desgastado com parte dos dirigentes do Flamengo, tinha
sondado o treinador para ser coordenador do clube. Um cargo com bem menos
pressão. Diante da saída de Rueda, engatilhou-o como técnico para resolver
rápido. O ex-diretor de futebol do Flamengo iniciou sua carreira como executivo
no clube de Carpegiani, o RS Futebol Clube.
As
soluções ágeis são uma característica da gestão de Caetano, mas nem sempre
primam pela criatividade. Quando saiu Muricy, ele queria Abel Braga e ficou com
Zé Ricardo porque este se estabeleceu. Na queda de Zé, tinha preferência por
Roger e só a recusa deste levou parte da diretoria a pedir por Rueda.
Nas
contratações não foi diferente. Caetano é um hábil negociador e goza de
prestígio no mercado para abrir portas. Também organiza o departamento de cima
a baixo. Mas, no Flamengo, sempre mirou em medalhões e pouco garimpou jogadores
mais desconhecidos com potencial.
Claro,
o clube passou a ter mais recursos e tinha que investir, mas nem sempre o mais
caro é o melhor. No mercado sul-americano, por exemplo, trouxe Mancuello,
Donatti, Traucco, Berrío e Cuellar, todos caros. Apenas os dois últimos de fato
têm dados positivos, sendo que Berrío se contundiu e ficará oito meses fora
(fatalidade diga-se). Os dois primeiros fora vendidos e o último é reserva.
Por
aqui, quando apostou em nomes de médio porte, Caetano errou: casos de Renê,
Rodinei e Muralha. Houve acertos, sim, em jogadores como Diego e Guerrero, de
grande nome, que tiveram boas atuações pelo time, embora não sejam unanimidade.
Mas Éverton Riberto, contratação mais cara, tem capengado. Nem se fale de
Rômulo, com salário astronômico e relegado ao ostracismo no clube.
Óbvio
que isso não é culpa apenas de Caetano. Vários desses jogadores eram, sim,
pedidos pela torcida e especialistas os viam como boas apostas. E é normal se
errar em algumas contratações, assim como não se pode ganhar todos os
campeonatos disputados.
Mas,
se no conjunto constantemente um time é derrotado, há responsabilidade da
gestão. Em três anos e três meses, o Flamengo na administração de Caetano
ganhou apenas um Estadual. Só disputou o Brasileiro de fato em 2016, e chegou a
duas finais em que perdeu. É pouco para o segundo maior investimento do país e
para a estrutura fornecida.
Diante
desse cenário, errar a escolha de um técnico acabou sendo fatal. Há méritos na
carreira do executivo no futebol, mas é difícil argumentar contra resultados
tão negativos a longo prazo no Flamengo.
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