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GLOBO: Os jogadores do Flamengo podem se preparar: enquanto estiverem sob o
comando de Maurício Barbieri, ouvirão muito a respeito de Pep Guardiola e o
estilo de jogo que o consagrou no Barcelona, entre 2008 e 2012. O técnico
espanhol é uma das principais fontes de inspiração do técnico interino. No
Ninho do Urubu, tentará implementar algo parecido com o jogo mais vitorioso que
o mundo viu nas últimas décadas. Se for bem-sucedido, dará o salto que tanto
almeja na carreira.
Tudo
começará no gol. Barbieri defende a tese de que o goleiro possui
responsabilidade além da defesa. Com ele, o camisa 1 é obrigado a jogar com o
pé, ajudar no começo da criação das jogadas e, principalmente, ser responsável
pela manutenção da posse de bola.
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Maurício Barbieri no Flamengo - Foto: Gilvan de Souza |
— Ele
mostrava muitos vídeos do Barcelona, do Ajax. Vimos o time espanhol trocando passes
por oito minutos em um mesmo jogo — lembra o lateral-direito Everton Silva,
atualmente no São Bento: — É um treinador muito estudioso, ofensivo também.
Nos
treinamentos, ele prioriza trabalhos em campo reduzido e trocas rápidas de
passes nos quadrantes marcados no campo. Beber da mesma fonte que Guardiola
deixa implícita certa vocação ofensiva de Barbieri, mas a preocupação com a
marcação também é grande: o técnico gosta de atuar com linhas altas. Nas
preleções, cobra o comprometimento do time inteiro na hora da marcação sob
pressão. Para se fazer entender, compara os jogadores de uma equipe aos dedos
de uma mão. Se um deles não estiver bem fechado com os demais no momento de um
soco, a mão vai se machucar. O mesmo acontece com o time, quando alguém descumpre
a ordem tática.
— Ele
armava o nosso time bem ao estilo europeu mesmo. No Brasil, só vi um treinador
com estilo igual ao dele, apenas o Fernando Diniz.
Semelhança na formação, diferenças nas
instruções
Quanto
ao esquema tático, Flamengo de Barbieri não deverá sofrer grandes mudanças. Ele
gosta de atuar no 4-4-3, com um volante, dois meias, dois atacantes abertos
pelas pontas e um outro mais centralizado. Qualquer semelhança com o Barcelona
de Pep Guardiola, com Busquets, Xavi e Iniesta no meio, e Messi, Henry e Eto’o,
não é mera coincidência.
Quando
precisa mexer na equipe em função do adversário, inverte o triângulo no meio:
em vez de ter um volante com dois meias à frente, coloca dois homens de
contenção na proteção da zaga e homem de criação.
— Ele
é muito estudioso, estrategista, muito observador do adversário — destacou o
ex-jogador Fabiano Eller, atualmente candidato a deputado federal no Espírito
Santo: — Ele é novo, está sempre aberto ao diálogo, mas sabe se impor.
No
Flamengo, o elenco não deverá ter dificuldade em assimilar a formação,
semelhante a que Reinaldo Rueda e Paulo César Carpegiani usaram na equipe.
Entretanto, as mudanças quanto ao posicionamento dos jogadores em campo já são
visíveis para o elenco. Cuéllar, por exemplo, comentou o gosto do treinador por
meias mais próximos da área adversária, em comparação com o estilo de
Carpegiani.
— Quem
trabalha no Flamengo sabe que sofrerá pressão. Acho Barbieri um técnico
maravilhoso. Tem muitas ideias boas. Se está aqui, tem qualidade para ser
treinador — destacou o volante, titular no amistoso de sábado passado, contra o
Atlético-GO.
Hesitação da diretoria dá tempo para
interino
A
semana antes da partida de sábado, contra o Vitória, no Barradão, na estreia no
Brasileiro, começou com a diretoria no Ninho do Urubu. Mais do que observar o
trabalho de Maurício Barbieri de perto, o presidente Eduardo Bandeira de Melo e
o vice de futebol Ricardo Lomba tiraram o dia para tratar do futuro da comissão
técnica. Pela resposta no contato rápido com a imprensa, não há pressa.
—
Vamos levando — limitou-se Bandeira de Mello.
Depois
da negativa de Renato Gaúcho, o clube não tem outros alvos tão claros no
mercado. Quem ganha tempo com isso é Maurício Barbieri, que não deixa de ser
uma opção para os dirigentes — a experiência bem sucedida com Zé Ricardo em
2016 abre a perspectiva de que a efetivação de um novo interino seja uma
possibilidade a ser cogitada.
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