FOLHA
DE SÃO PAULO: Por PVC
A
média de gols do Campeonato Brasileiro melhorou todos os anos desde 2014. Do
baixo índice de 2,26 gols por partida, saltou para 2,43, crescimento de 10%. Ao
mesmo tempo, os alemães viram o número cair 5% nas últimas quatro edições do
seu campeonato nacional.
É
provável que o aumento do número de gols seja resultado, em parte, do plano de
licenciamento da CBF, que ajudou a melhorar gramados da Série A. O Barradão é
um exemplo. Mas, enquanto os alemães tiveram média de 2,58 gols na temporada
passada, o Brasil continua 5% abaixo, mesmo crescendo ano após ano, desde 2014.
Difundir
é um verbo que não se conjuga no futebol brasileiro. É como se o fato de se
jogar em todos os cantos, das praias às florestas, tornasse desnecessário olhar
para cada detalhe do campeonato, assim como é indispensável regar uma planta a
cada dia.
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Foto: Gilvan de Souza |
Na
disputa com os principais torneios da Europa, o Brasileiro perde em média de
gols e de público. Ganha na comparação com Portugal e Argentina, o que reforça
a ideia de que não há comparação com a elite dos campeonatos de clubes do
mundo, mas sim com o bloco intermediário —incluindo parte da Europa, como
Portugal, Holanda, Bélgica e Rússia.
Na
França e na Itália, a média de gols está na faixa dos 2,65 por jogo e de
público no mínimo de 21 mil.
É
possível alcançar esse patamar, se quem organiza o Campeonato Brasileiro, seja
a CBF, como hoje em dia, ou uma liga, se um dia os clubes tomarem coragem,
pensar em evoluções gradativas, um ano sempre melhor do que o outro.
Entre
os seis principais campeonatos nacionais da Europa, quatro vivem outro tipo de
crise: a do desequilíbrio. O Bayern ganhou o hexacampeonato alemão, a Juventus
tem tudo para ser hepta na Itália, o Benfica está perto de ser pentacampeão
português, o Paris Saint-Germain vencerá seu quinto campeonato dos últimos seis
disputados na França.
Aqui,
há o benefício da imprevisibilidade. Corinthians, Palmeiras, Flamengo, Cruzeiro
e Grêmio poderão ser campeões brasileiros sem ninguém tomar um susto. Pela fase
atual, não são favoritos nem Santos, nem São Paulo, nem Atlético-MG, mas nenhum
deles é o Leicester. Botafogo, Fluminense e Internacional são gigantes, mas
azarões. O grande patrimônio do Brasileiro continua sendo o equilíbrio. Mas não
trabalhar para que isto se transforme em mais gols, melhor nível técnico, mais
interesse de público e de patrocinadores, mais visibilidade no exterior... Não
fazer nada com esse patrimônio é como viver sozinho numa mansão.
O
Brasileiro de 2018 terá dificuldades extras. Até a Copa do Mundo, os maiores
clubes jogarão duas vezes por nove semanas seguidas. A 12ª rodada terminará um
dia antes do pontapé inicial em Moscou. O retorno será três dias depois da
final da Copa e as cinco rodadas seguintes ocorrerão às quartas e domingos.
Sem
tempo para treino, a chance de existir a percepção de que o nível técnico, o
índice de gols e o interesse de público aumentaram é mínima.
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