GLOBO
ESPORTE: Possível volta aos gramados, jogo de despedida pelo Flamengo e a visão
de torcedor do ex-clube. Sem atuar desde 2013, quando defendeu o Santos, Renato
Abreu esteve neste final de semana em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio
de Janeiro, para participar do lançamento da nova camisa do Fla e falou de tudo
um pouco sobre o time do coração.
Entre
um pedido e outro de fotos e autógrafos dos mais de mil torcedores que foram ao
evento em um shopping da cidade, o volante de 39 anos conversou com o
GloboEsporte.com e fez questão de deixar claro: ainda não se considera
aposentado dos gramados.
- Na
verdade eu não queria parar, eu queria jogar. Depois que saí do Santos, em
2013, fiquei mais uns dois ou três anos mantendo a forma de maneira intensiva,
mas acabou que não pintaram coisas legais pra voltar - disse o meia.
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Foto: Felipe Basilio |
- Sem
dúvida para o atleta que jogou no Flamengo, não falo do meu caso específico,
que criou uma identificação, por quem a torcida é apaixonada e ele para de
jogar, acho que o clube deveria fazer uma homenagem. Que seja um jogo de
despedida ou uma partida com o pessoal da imprensa, porque eu acho que é bem
marcante - declarou.
Confira
abaixo outros trechos da entrevista com o meia Renatou Abreu.
Retorno aos gramados
- Até
o ano passado imaginei que apareceria alguma coisa, mas não surgiu e acabei
ficando aposentado. Gostaria de jogar, mesmo com 39 anos. Sabe aquelas
bicicletas enferrujadas? Às vezes falta um pouquinho de óleo. É o meu caso. Com
um pouquinho de trabalho, de treinamento, eu poderia voltar, não em alto nível,
mas de uma forma que pudesse ajudar o time a conquistar os resultados não só
dentro de campo, mas no vestiário, que é muito importante. Não sei se
conseguiria jogar, né? Mas se o convite viesse de um time que se encaixasse ao
meu perfil e pudesse me ajudar, com certeza voltaria, tranquilo.
Lado familiar pesou na decisão?
-
Quando estamos mais para o final da carreira não pensamos apenas no lado
jogador, acabamos pensando na família. Algumas coisas não se encaixaram da
maneira que eu queria e acabei optando por não jogar.
Trabalho no Fla fora das quatro linhas
- Eu
tenho a cara de novinho, as pessoas não sabem a idade real. Para mim, é
gratificante saber que na memória dos torcedores ainda está o meu nome. De
tantos ídolos que passaram pelo clube, ainda estou sendo lembrado, inclusive
para poder jogar. Fico feliz, mas já tive duas passagens pelo clube, não teria
a terceira. Talvez, a terceira seria em outro sentido, em um outro tipo de
trabalho. Mas fico feliz pela recepção, feliz pela alegria em todo mundo pedir
para eu jogar no Flamengo novamente.
Sonho com o jogo de despedida
- O
Petkovic teve e o Júlio Cesar vai ter agora a despedida. Muito mais que
merecidas. O Júlio (merece) pelo que fez pelo clube, é uma pessoa que mostrou o
seu potencial desde pequeno. O Pet veio de fora e conquistou a torcida do
Flamengo. Agora, se eu tenho que receber essa homenagem, não tem que passar por
mim. Talvez, se a diretoria pudesse se reunir e falar sobre isso, seria ótimo
para o atleta. Enquanto isso não acontece, a gente vai levando a vida,
acompanhando os jogos e os treinamentos. E minha felicidade, independente de
ter jogo ou não, é plena e a gratidão é sempre grande.
Emoção de atuar no Maraca
-
Jogar no Maracanã, para quem pegou o Maraca já com 150 (mil torcedores) e ver o
novo, realmente era bonito. Eu queria vestir essa camisa jogando no Maracanã
novo. Joguei contra o Flamengo, quando eu estava no Santos. Mas é um Maracanã
diferente daquele que estávamos acostumados, onde a torcida tava ali na geral,
a cada gol sair correndo aparecia um personagem. Dá saudade de voltar. Joguei
uma partida festiva no final do ano, mas não é a mesma sensação.
Comparações entre o atual elenco e o da
sua primeira passagem pelo Fla
- É
difícil, né? Cada gestão é uma gestão. Nosso time, naquela época, era mais
limitado do que esse e as condições eram totalmente diferentes. A gente sofreu
muito em 2005, mas depois ganhamos os céus, ganhamos a Copa do Brasil em 2006,
o Carioca em 2007. E era um time que se ajudava muito, sabia das limitações,
não era brilhante, mas o que não faltava era pegada. Tínhamos um grupo que
brigava muito entre nós, no vestiário e dentro do campo, a toda hora buscávamos
o resultado. O time de hoje é diferente, tem muito mais qualidade para se
jogar, mas vem sofrendo críticas também. O futebol brasileiro é bem dessa
forma: mais emoção do que razão. Temos que ver no contexto dos anos.
Falta raça na equipe atual?
- O
Flamengo montou um time forte, arrumou o clube, um CT, montou uma equipe
competitiva, foi quem mais chegou às finais no ano passado. Infelizmente, não
conseguiu os títulos. Mas tem que olhar com a visão de que a equipe chegou aos
objetivos, nem sempre vai dar para ganhar. Falta pouco, tem que ter paciência,
dar crédito aos jogadores. Jogar pelo Flamengo é difícil, os times adversários
acabam se fechando mais, jogando de uma maneira diferente... Esse time tem
muito mais a dar. Falta um algo a mais? Falta. Não sei se é raça, se é pegada,
não sei o que é. No momento em que se encaixarem, as coisas vão andar
naturalmente.
Possível saída do meia Everton para o São
Paulo
- É
difícil dar conselhos. Ele está na segunda passagem e, nas duas, foi brilhante.
Não é um jogador que deixa os olhos do torcedor cheio de lágrimas, mas é um
jogador importante para quem joga com ele, que ajuda o tempo inteiro, no ataque
ou na defesa. Ter ele no grupo é muito bem-vindo. Não tem conselho. Ele tem que
saber da importância dele e ter na mente o que ele fez pelo clube, se foi certo
ou errado. Não sei se está pra sair ou não, mas, na minha concepção, foi muito
importante no tempo em que esteve.
Saudades da Nação
- É
uma satisfação enorme estar em Nova Friburgo, fazendo essa tarde de autógrafos.
Para mim é maravilhoso poder relembrar tudo aquilo que eu vivia. Eu saí (do
Flamengo) já tem um tempo e é a primeira vez que eu passo uma tarde de
autógrafos assim, lembrando daqueles momentos em que acabavam os treinos e a
gente saía pra dar autógrafos. A lembrança sempre (vem), a vontade de vestir a
camisa, a vontade de estar no campo é sempre grande. Isso fez parte da minha
vida por mais de vinte anos. Então eu sinto saudades, sem dúvida nenhuma.
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