GOAL: Por
Bruno Guedes
12 de
janeiro de 2013. A então recém empossada nova diretoria do Flamengo, que
prometia nova visão administrativa e uma forte reestruturação financeira,
divulgava para a maior torcida do Brasil que seu principal jogador fora
devolvido ao CSKA. Isso acontecia meses após a antiga gestão comprá-lo do mesmo
clube. O motivo era simples: não teria como arcar com o valor após ver sua
dívida total avaliada em R$ 750 milhões.
O
Flamengo aceitou adquirir Love por quatro parcelas que somariam € 10 milhões
(R$ 27 milhões na cotação da época) em janeiro de 2012. Ao longo do período de
doze meses os russos receberam € 4 milhões. Com o Rubro-Negro atolado em
dividendos após desastrosas administrações, o CSKA então acenou com uma
possibilidade: “esquecer” os € 6 milhões restantes e ter o jogador de volta. Ou
seja, quase um "empréstimo" do atacante e ao custo de R$ 10 milhões,
em valores daquele ano, aos cofres da Gávea.
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Vitinho com Ricardo Lomba, Carlos Noval e Eduardo Bandeira no Flamengo - Foto: Gilvan de Souza |
O
gigante brasileiro sofreu nesse período, mas fez o que deveria. Se
esportivamente não há muito o que se elogiar em termos de títulos, a revolução
financeira do clube terá impacto por décadas caso o navio não saia da rota.
Cinco
anos se passaram. Parte daquele grupo se reelegeu. Muitos nomes surgiram na
política interna. Jogadores entraram, outros saíram. Mas a austeridade
financeira deu certa, reduzindo a dívida para R$ 335 milhões (segundo divulgado
por Rodrigo Mattos, do UOL) e sendo gradativamente afrouxada de acordo com o
sucesso - pelo menos fora de campo - da reestruturação do caixa.
Eis
que Flamengo e CSKA se reencontram. O Rubro-Negro, reorganizado financeiramente,
com um faturamento de R$ 624 milhões e superávit de R$ 159 milhões no ano de
2017. Já os russos tentam fazer caixa após a Copa. Primeiro vendem o meia
Aleksandr Golovin por € 30 milhões. E agora os brasileiros pagam os mesmos € 10
milhões do Vágner Love para tirar Vitinho da Rússia.
Mas
haveria transação sem a venda do Vinícius Jr.? Meia verdade. Além dele,
entraram nos cofres as vendas do Vizeu, Hernane, Jonas e Éverton. E antes mesmo
desse capital, o Flamengo repatriou Éverton Ribeiro por € 6 milhões, então sua
mais cara transação, ano passado.
Cinco
anos. Em apenas cinco anos o Flamengo teve sua dignidade financeira de volta.
Mas conseguiu o mais importante: provar que com organização e planejamento os
clubes do Brasil podem sim se reerguer. Se ainda falta aparecer esse
ressurgimento na sala de troféus, sorte dos rivais. Porque quando aparecer, não
serão por apenas cinco anos...
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