GLOBO
ESPORTE: Colados na tabela do Brasileirão, Inter e Flamengo, vice-líder e
terceiro colocado, se enfrentam em confronto direto pelo topo a partir das
21h45 desta quarta-feira, no Beira-Rio, pela 23ª rodada do Brasileirão.
Separados por apenas dois pontos, os dois clubes levam a campo uma ligação que
vai além da classificação. Mesmo que por convicções e caminhos distintos, ambos
apelaram a soluções caseiras para comandar as respectivas. De interinos a
efetivados no cargo, Odair Hellmann e Maurício Barbieri travam um duelo à parte
de técnicos da dita "nova geração".
Odair e uma vida de Inter
Chamar
Odair de "solução caseira", aliás, soa até simplório perto das mais
de duas décadas de ligação com o clube. O catarinense de 41 anos chegou ao
Inter ainda garoto para atuar nas categorias de base. Foi campeão da Copa São
Paulo de Futebol Júnior, em 1998, e fez parte do elenco campeão gaúcho um ano
antes. Mas o vínculo se tornou especial, de fato, em seu retorno ao Colorado,
em outubro de 2009, após a tragédia com o ônibus do Brasil de Pelotas. O
acidente que vitimou o atacante Claudio Millar, o zagueiro Régis e o preparador
de goleiros Giovani Guimarães também abreviou sua carreira de atleta.
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Foto: Divulgação |
O
trabalho como auxiliar e por vezes como técnico interino rendeu glórias e um
tropeço muito dolorido. Em 2015, o técnico assumiu o Inter pela primeira vez,
depois da queda de Diego Aguirre, e comandou o Colorado na histórica goleada
por 5 a 0 sofrida para o Grêmio. No ano seguinte, deu a volta por cima como
auxiliar de Rogério Micale na conquista do ouro olímpico. Por fim, em 2017, foi
a opção imediata para conduzir o clube ao retorno à elite nos últimos três
jogos da Série B, após a demissão de Guto Ferreira.
Os
planos iniciais do clube para 2018 indicavam técnicos mais consolidados no
mercado. Abel Braga e Roger machado foram dois nomes procurados pela diretoria
ainda em meio à temporada passada, mas sem sucesso. A fidelidade, o carinhho do
elenco com o "Papito" – como é chamado carinhosamente dentro do Inter
– e os resultados em campo acabaram reconhecidos pelos dirigentes. Após a
vitória por 2 a 0 sobre o Guarani, na última rodada da Série B, o clube
efetivou Odair como treinador.
> Os números do Inter com Odar em 2018:
Jogos:
41
Vitórias:
22
Empates:
11
Derrotas:
8
Aproveitamento:
62,6%
Da turbulência à segurança no cargo
O
reencontro com o Flamengo, aliás, remete às dificuldades vivenciadas pelo
treinador em 2018. No primeiro turno, Odair deixou o Maracanã com o cargo
ameaçado após a derrota por 2 a 0 e dependia de um resultado positivo na
partida seguinte, um Gre-Nal. Pesavam contra o técnico as eliminações precoces
e recentes no Gauchão e na Copa do Brasil. A equipe segurou um 0 a 0 com o
rival na Arena e, a partir daí, deslanchou, com um estilo aguerrido, de
intensidade na marcação pressão para "incomodar o adversário. Assim,
saltou das cercanias do Z-4 à atual vice-liderança numa série com apenas uma
derrota em 19 jogos – equivalente a um turno de Brasileirão.
Barbieri e a surpresa com a efetivação
Ao
contrário de Odair, Barbieri não teve sucesso como jogador. Até ensaiou alguns
dribles na juventude, mas desistiu e optou pelo caminho acadêmico. Antes de
chegar ao Flamengo, teve passagens como treinador por times menores, como
Audax, Deportivo Brasil, RB Brasil e Guarani.
A
ascensão de Barbieri não foi algo planejado. Talvez nem ele imaginasse uma oportunidade
tão rápida. Contratado em janeiro como auxiliar permanente, formou ao lado de
Jayme de Almeida e Rodrigo Carpegiani o trio que ajudava Paulo César Carpegiani
nos primeiros meses do ano. Com a demissão do treinador e dos companheiros, o
cargo e a responsabilidade caíram no colo de Barbieri, no fim de março. Em
primeiro momento, como interino.
A
efetivação não estava nos planos do Flamengo. O clube tentou, sem sucesso,
acertos com Renato Gaúcho e Abel Braga, mas ambos recusaram. Os resultados, aos
poucos, apareceram, e a liderança do Brasileiro o levou a assinar um novo
contrato, até o fim do ano, durante a Copa do Mundo.
Jovem,
36 anos, casado, com quatro filhos, Barbieri assumiu seu primeiro grande clube
no olho do furacão. Em ano eleitoral, com uma pressão acima do normal por
resultados, ele conquistou, em um primeiro momento, o respaldo dos atletas.
Estudioso e didático, ganhou o respeito do elenco e, com uma série de vitórias,
da torcida.
O
esquema tático foi praticamente o mesmo de Carpegiani, mas Barbieri definiu
pontos importantes. Léo Duarte, Cuéllar e Vinicius Junior, por exemplo, firmaram-se
no time titular com ele. O posicionamento de Paquetá também foi revisto. O
resultado foi um time mais compacto, eficiente no ataque e com uma defesa
sólida.
> Os números do Flamengo com Barbieri:
Jogos:
32
Vitórias:
17
Empates:
9
Derrotas:
6
Aproveitamento:
62,5%
Pressão
aumenta após a Copa...
A
parada da Copa do Mundo não foi boa para o Flamengo... E, consequentemente,
para Barbieri. O time não resistiu bem à maratona de três competições, saiu
fora da Libertadores e vem despencando no Brasileiro. Se antes do Mundial tinha
uma vantagem de quatro pontos na ponta, hoje está a cinco do líder São Paulo. A
vaga na semifinal da Copa do Brasil é um alento, mas o treinador e o time
voltaram a ser questionados durante um período de lua de mel. Por ora, no entanto,
o técnico está prestigiado com a diretoria.
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