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FC: Por João Luis Jr
Por
mais que todo flamenguista tenha vindo ao mundo para acreditar, o Flamengo nos
últimos anos parece estar fazendo o que pode para ensinar a nossa torcida a
duvidar. Duvidamos que uma equipe com tanto investimento possa obter tão pouco
resultado, duvidamos que um time de tanta tradição possa encolher tanto em
momentos decisivos, duvidamos que alguém veja Rodinei e Pará treinando e pense
“é, tamos bem de lateral, não precisa de mais ninguém”, duvidamos que Vitinho
valha 45 milhões de reais a não ser que ele tenha taduado em suas costas um
mapa para algum tesouro, como num filme do Nicolas Cage.
Mas
por mais esse time venha desde 2013 se esforçando para deixar seus torcedores
mais céticos que um filho do Padre Quevedo adotado pelos apresentadores do
programa Mythbusters, eu admito que quando vejo Lucas Paquetá em campo eu volto
a acreditar.
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Lucas Paquetá sorrindo em Flamengo x Atlético-MG - Foto: Pedro Martins |
Só que
mesmo nesses defeitos, se você reparar bem, Paquetá demonstra ser absoluta e
profundamente Flamengo, de uma maneira que nenhum jogador no time hoje, com a
exceção talvez de Cuellar – um homem que dorme de chuteira pro caso de sonhar
com futebol e precisar realizar um desarme – parece conseguir.
E
Paquetá é muito Flamengo primeiro pelo simples fato de que ele é sim
flamenguista e fica clara a felicidade dele em vestir a camisa do clube pelo
qual torce. Se alguns jogadores atuam como se o manto fosse um peso, uma
bigorna, como se a estrela dourada no peito pesasse a soma da massa atual dos
11 titulares do título mundial contra o Liverpool, Paquetá caminha com o preto
e vermelho como se tivesse nascido com a camisa, criado com ela, só tirasse pra
tomar banho visando evitar desbotar, como todo titular do Flamengo deveria
fazer.
Depois
porque o futebol de Paquetá é definitivamente flamenguista, aquela mistura do
drible abusado com o carrinho raçudo e a disposição de quem não apenas só vai
parar de correr quando o jogo acabar como talvez até siga correndo até em casa
depois da partida, como ficou claro contra o Atlético-MG no momento em que
Paquetá driblou um, fugiu da porrada de outro, quando o juiz marcou a falta já
estava preparando uma ousada e até mesmo caótica lambreta contra um terceiro
marcador.
E por
fim porque Paquetá parece querer vencer. Num time onde em diversos momentos
pareceu existir capacidade mas faltar ambição e em outros pareceu faltar
capacidade e ambição mesmo, ter um jogador que não apenas quer vencer como tem
a qualidade pra isso chega a ser reconfortante. Paquetá parece querer títulos,
parece não se sentir confortável com a derrota, e ainda que isso devesse ser o
mínimo para um jogador do Flamengo, na prática é um grande salto num grupo que
em dados momentos passa a impressão de ter sido admitido no clube através de
concurso público e ter estabilidade no cargo.
Ou
seja, por mais que o time não esteja embalado, por mais que saber decidir fora
de casa não seja muito comum para o Flamengo atual, são jogadores como Paquetá
e Cuéllar, em menor nível até Éverton Ribeiro, Diego e Réver, que deixam a
gente acreditar que sim, nessa quarta-feira dá pra vencer, dá pra passar, dá
pra classificar. Tende a ser fácil? Não. Vai ser um show de bola? Improvável.
Mas enquanto alguém em campo estiver usando preto e vermelho e jogando como um
flamenguista, com certeza, por mais complicado que pareça, nós vamos acreditar.
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