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Foto: Eurico Dantas |
MARLUCI MARTINS: Petkovic já havia chutado para o ar quatro boas chances em descalibradas cobranças de falta. Mas encarou a bola, aos 43 minutos, com confiança, como se não carregasse nas costas o peso de um Maracanã abarrotado. O pé direito do gringo venceu a mão esquerda do goleiro Helton e escreveu uma das mais emblemáticas conquistas do Flamengo: o título estadual de 2001, que completa 15 anos nesta sexta-feira.
O chute preciso, agora debutante, mudou o endereço da taça, que estaria hoje na sala de troféus de São Januário, se o sérvio não tivesse ampliado para dois gols a vantagem do Flamengo no placar: 3 a 1, com outros dois gols de Edílson, e um de Juninho Paulista, candidato a herói abatido no fim.
O chute preciso, agora debutante, mudou a vida de Petkovic a partir daquele 27 de maio de 2001. E estará reproduzido num megapôster gratuito que circulará na segunda-feira, encartado no Jornal Extra, com um quiz para que o leitor teste seus conhecimentos.
— Claro que foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira. Não foi o único… Se você for refletir, vai ver que talvez tenha sido um trampolim para eu conquistar outras coisas na carreira. Foi um momento maravilhoso — lembra Petkovic.
A lembrança do gringo causa-lhe hoje arrepio não somente de emoção, mas também de medo. A comemoração, uma queda de costas numa das laterais do campo, jamais foi esquecida.
— Depois que a bola entrou, perdi a razão. Veio a adrenalina, veio tudo sem pensar. Toda a comemoração, aquela coisa de correr feito maluco, de me jogar de costas… Podia ficar paralítico, inválido, sei lá… Essas coisas você não pensa, né?
Foi bom, principalmente, para Pet. Mas, qual personagem rubro-negro daquele jogo não colheu os frutos do gol maduro caído do céu?
— Foi um momento importante, marcante, mas não só na minha vida. Esse gol teve importância na vida dos meus companheiros profissionais e dos torcedores apaixonados. Mudou a minha vida, a vida dos jogadores do Flamengo, da diretoria, do técnico, do torcedor, de muita gente. Um impacto que deixou marcas positivas, assim como deve ter deixado muita frustração do outro lado. Muitos jogadores não conseguiram fazer mais na carreira deles porque perderam o jogo. E nós conseguimos porque ganhamos. Juan foi o melhor zagueiro do mundo, Adriano virou Imperador, Edílson foi para a seleção. E Juninho Paulista poderia ter conseguido mais…
O segredo da cobrança perfeita tem dois ingredientes: talento e trabalho. Petkovic não economizou na dosagem de ambos.
— Claro, que é treino, muito treino. Sempre existe a discussão: é o talento, ou é a dedicação? O que conta mais? Uns dizem que é talento. Outros dizem: atrás do sucesso do craque há um excelente treinador e 10 mil horas de trabalho. Onde está o talento nisso? Se você tem talento e predisposição para fazer certas coisas, junta isso ao trabalho desenvolvido com bons profissionais e as possibilidades ficam mais fáceis e reais — ensina o sérvio.
O chute preciso, agora debutante, traz outra doce lembrança: o abraço do treinador emocionado.
— Zagallo era como um pai para mim. Não o chamo de vovô porque ele não é tão velho (risos).