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Foto: Arquivo |
ESPN: Na última quarta-feira, o Cruzeiro anunciou a contratação do técnico português Paulo Bento, ex-Sporting e seleção lusa. Com isso, o Campeonato Brasileiro começará com três treinadores estrangeiros: o argentino Edgardo Bauza, no São Paulo, e o uruguaio Diego Aguirre, no Atlético-MG, além do próprio Bento.
Até hoje, porém, apenas um gringo conseguiu ser campeão nacional no Brasil, contando desde 1959, quando começou a ser disputada a Taça Brasil, até o Brasileirão do ano passado.
Trata-se do argentino Carlos Volante, que faturou justamente o primeiro Campeonato Brasileiro da história: a Taça Brasil de 1959, vencendo o “imbatível” Santos de Pelé na final.
Ex-jogador de renome, começou a carreira no Lanús, passando depois por San Lorenzo e Vélez Sarsfield até chegar ao futebol europeu e à seleção argentina.
No Velho Continente, defendeu Napoli, Livorno e Torino antes de atuar pelo Rennes, da França. Encerrou a carreira no Flamengo, clube pelo qual foi três vezes campeão carioca, em 1939, 1942 e 1943.
Atleta talentoso, foi ele quem deu, inclusive, o nome de “volante” à posição do meio-campo. Depois da ótima passagem do argentino pelo Fla, os atletas que atuavam na mesma faixa do campo, marcando e também levando a bola à frente, passaram a ser chamados de “volantes”, em homenagem a Carlos Volante.
Seu primeiro trabalho como treinador foi no Internacional, sendo bicampeão gaúcho em 1947 e 1948. Em seguida, foi para o Vitória, conquistando mais dois títulos estaduais: os Baianos de 1953 e 1955.
O troféu mais importante de sua carreira, no entanto, veio no comando do Bahia, equipe na qual trabalhou entre 1959 e 1960. E com muita estrela, além de um pouco de sorte.
Na final da Taça Brasil de 1959, o time de Salvador enfrentou o Santos em três jogos épicos. No primeiro, realizado em 10 de dezembro, ganhou por 3 a 2 em plena Vila Belmiro, com Pelé e tudo. Na Fonte Nova, contudo, o “Peixe” devolveu a cortesia, batendo os baianos por 2 a 0, gols de Coutinho e Pelé, no dia 30 de dezembro.
Foi marcado, então, um jogo desempate para o Maracanã, que acabou acontecendo só em 29 de março de 1960, após muita indefinição sobre o local da partida. Neste meio tempo, o técnico do Bahia, Geninho, acabou deixando o cargo, e indicou Carlos Volante para assumir.
O gringo não mexeu muito no time, mas mudou peças na lateral direita e no meio-campo. Com uma vitória por 3 a 1, Volante levantou o troféu da Taça Brasil, tornando o Bahia o primeiro campeão nacional e classificando o time para a Libertadores.
O argentino, aliás, deu sorte de Pelé ter operado as amígdalas e ter sido desfalque do Santos no jogo desempate – o “Rei do Futebol” havia marcado nas duas primeiras partidas da final. No Maracanã, aliás, o clube da Baixada se descontrolou e terminou com quatro atletas expulsos: Getúlio, Formiga, Dorival e Coutinho.
Volante, aliás, tem outra história curiosa. De forma improvisada, ele trabalhou como massagista da seleção brasileira durante a Copa do Mundo de 1938, já que à época estava defendendo o Paris-Charenton, time do país sede do Mundial.
Portanto, ele é até hoje o único argentino a participar de uma Copa pelo Brasil.