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Foto: Divulgação |
RODRIGO MATTOS: Os dois jogos das finais do Estadual do Rio indicaram a deterioração de partes do Maracanã. O motivo é o corte de 70% da verba de manutenção da Odebrecht, segundo apuração do blog. Agora o estádio está com o Comitê Organizador do Rio-2016, que ainda não conseguiu consertar os danos.
O governo do Estado confirmou ter sido informado pela empreiteira do corte de recursos. Já a Odebrecht negou ter reduzido o dinheiro para manter o estádio. A estimativa é que a manutenção do Maracanã custe R$ 50 milhões por ano.
Entre os problemas encontrados na final entre Vasco e Botafogo estavam: a manutenção do gramado, defeitos no sistema eletrônico que incluíram um telão quebrado (já consertado), o sumiço dos bancos de reservas, danos em portas e vidros de camarotes, e em ar-condicionados. Por isso, a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio Janeiro) teve de gastar mais: o custo operacional de cada final ultrapassou R$ 500 mil.
Líder do Consórcio, a Odebrecht vinha tendo seguidos prejuízos no estádio, fato que se repetiu em 2015. Por isso, já decidiu que deixará sua gestão e assim demitiu praticamente a equipe inteira no final do ano passado: ficaram apenas oito funcionários. Foi contratada para alguns eventos a empresa Binário, formada por ex-empregados da construtora que participavam da gestão do estádio.
Só que o volume de dinheiro investido foi cortado em relação ao necessário. Por exemplo, não se pagou mais a empresa que cuidava do gramado no início de 2016. Por isso, o estado péssimo na primeira final, que melhorou no segundo jogo após cuidados feitos pela Ferj. Houve problemas no ar-condicionado da Globo e em um telão que precisaria de uma peça para funcionar. Foi consertado para o segundo jogo.
Outra questão é a cobertura do estádio que tinha partes queimadas desde a Copa-2014. A Fifa pagou os danos, mas a Odebrecht só deve repará-la depois da Olimpíada.
As avarias causadas pelo show do Coldplay também estavam aparentes. Portas e vidros estavam quebrados, embora a Odebrecht pudesse cobrar o conserto dos itens dos organizadores. Até os bancos de reservas, que eram chumbados no campo, tinham sumido do gramado. Organizadores da final tiveram que encontrá-los em um setor administrativo do Maracanã e os recolocaram no lugar.
“No início de março, a Concessionária Maracanã concluiu o programa de desmobilização do seu quadro de integrantes a fim de se adaptar ao período de uso exclusivo dos Jogos. A redução do seu quadro permanente de funcionários não atingiu os serviços essenciais e obrigatórios previstos no Contrato de Concessão, como limpeza, vigilância e manutenção, que foram cumpridos com a utilização de mão de obra terceirizada até 1º de março”, defendeu a Odebrecht.
Já o governo do Estado do Rio confirmou ter sido informado pela empreiteira do corte do verba, mas disse que trabalha para o conserto dos danos. “Todas as avarias em portas e vidros, provenientes do show do Coldplay, foram detectadas e serão reparadas. O telão encontra-se em perfeito estado, inclusive foi utilizado durante o último jogo no estádio. Até o momento, o gramado vinha recebendo manutenção básica, já que não havia previsão de jogo antes da retirada deste”, contou o governo, que fez uma vistoria antes de repassar o estádio.
O Comitê Rio-2016 informou que desconhecia os problemas e disse que o Maracanã não estava em condições precárias quando recebido. O governo do Estado ressaltou que, em caso de novos danos ao estádio durante o período olímpico, o comitê terá de consertá-los.