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Foto: Marcos de Paula/AllSports/ |
EXTRA GLOBO: O orgulho da Nação rubro-negra mudou de gênero nesta temporada. Enquanto o time de Muricy Ramalho foi eliminado do Estadual e da Sul-Minas-Rio, a equipe feminina está na decisão do Brasileiro. O primeiro jogo da final contra o Rio Preto-SP será na terça-feira, em Los Larios. O time é fruto de uma parceria do clube com a Marinha.
Se no campo o resultado das mulheres supera de longe o dos homens, no lado financeiro elas levam de goleada. Com salários na casa dos R$ 3 mil — valor aproximado da patente de terceiro-sargento das Forças Armadas —, as atletas estão a léguas de distância dos valores pagos a Guerrero, Sheik e companhia. A folha mensal do time masculino supera os R$ 9 milhões.
— A diferença ainda é muito grande, não tem como comparar. Mas superamos isso com muito trabalho e dedicação — disse o técnico Ricardo Abrantes.
Para driblar as dificuldades e a falta de apoio, o comandante não dá moleza às meninas nos treinamentos. A equipe — que joga junta desde 2014 e que foi campeã dos Jogos Militares, no ano passado — trabalha em dois períodos, de segunda a sexta, no Cefan, na Penha. Aos sábados, as atividades acontecem pela manhã.
— O time se apresentou no início de janeiro e não parou mais. As meninas só folgam aos domingos. É treinar para jogar bem — ressalta Abrantes, de 40 anos.
Apostando basicamente no esquema 4-4-2 ao longo da temporada, o planejamento mostra resultado no Campeonato Brasileiro: em 12 jogos, são 21 gols feitos e apenas oito sofridos. Quadro bem diferente da equipe masculina, alvo de críticas dos torcedores por ainda não ter um padrão tático:
— Seria um sonho ser convidado para participar da comissão técnica do Muricy. Mas sei que isso ainda é difícil, porque o futebol feminino no Brasil é visto como algo de nível inferior.
Apesar do menor destaque, Abrantes espera que sua equipe receba apoio da torcida rubro-negra na decisão contra o Rio Preto — atual campeão nacional.
— É um time de camisa, a torcida abraça — diz o treinador, revelando o outro lado da moeda:
— Não tem o mesmo peso do masculino, mas os torcedores apóiam. E também cobram quando o gol demora a sair.