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Foto: Rodrigo Rodrigues / Divulgação Grêmio |
MEIA ENCARNADA: Em um jogo absolutamente crespo, o Palmeiras conquistou um ponto precioso contra o Grêmio em Porto Alegre e retornou para casa com a liderança isolada do campeonato. A diferença é mínima em relação ao Flamengo, vice-líder, e pode ser de apenas dois pontos para o terceiro colocado se o Galo bater o Fluminense na noite desta segunda.
O cenário atual do campeonato mostra que esses três times, de fato, são aqueles engatilhados para uma peleia descomunal na definição do título. Ocasionalmente, conforme o andar da carruagem nas próximas, Corinthians, Santos e Grêmiio ainda podem espernear pela ponta, mas hoje não é uma tendência. (E, se o campeonato se resumisse ao segundo turno, o favorito seria o BOTAFOGO, desde já campeão anímico). Mas bueno. Cada torcedor faz questão de ajustar as narinas para sentir os aromas que melhor lhe convêm. Um cheiro, no entanto, parece inevitável: o cheiro do aço quando arde. Porque tudo aponta para uma briga de foice no escuro até a última rodada.
Motivos não faltam para acreditarmos em um enrosco fenomenal até os últimos momentos. O primeiro deles é o equilíbrio na ponta da tabela, que não vinha sendo frequente nos últimos anos. Em 2015, a diferença do líder Corinthians para o Galo era de três pontos, após 24 rodadas. No ano anterior, o campeão Cruzeiro já tinha OITO pontos de vantagem para o Inter, segundo colocado, e em 2013, nesta altura do campeonato, a esquadra estrelada de Minas Gerais alcançava ONZE em relação a outro gaúcho, o Grêmio.
Nas últimas cinco edições do Brasileiro, a nota dissonante aconteceu em 2011, quando após 24 rodadas o líder era ninguém menos que o VASCO, um ponto à frente do São Paulo e dois de vantagem para o Corinthians, que seria o campeão. Foi a única vez nesse recorte de cinco anos que o líder após 24 rodadas não levou o título, e não por acaso foi a edição mais equilibrada até o atual campeonato neste período. O time cruz-maltino acabaria na segunda colocação, dois pontos atrás do Corinthians.
Outro aspecto promete adiar a disputa pelo título o máximo possível é certo equilíbrio nos enfrentamentos futuros. Dos 14 jogos que faltam, o Palmeiras tem vantagem APARENTE no nível dos adversários: enfrenta nove rivais abaixo da 10ª colocação e apenas cinco da primeira página. Para o Flamengo, são sete de cima e sete de baixo, e para o Atlético-MG são seis e nove (ainda considerando o jogo de hoje). Já o Galo tem um supertrunfo caseiro, pois enfrenta tanto Flamengo como Palmeiras em seus domínios, na 33ª e na 35ª rodadas, respectivamente.
Para o Rubro-Negro, é o contrário: joga contra ambos fora de casa. Se para as outras torcidas, isso poderia ser um problema, para os flamenguistas é um doping MÍSTICO, afinal a mesma coisa acontece em 2009, quando o título acaboiu na Gávea. Em geral, é assim: quando há certa hesitação na tabela, o Flamengo infiltra-se pelas brechas rumo ao título, conceito popularmente traduzido como “DEIXOU CHEGAR”.
Na próxima quarta-feira, temos a primeira briga de navalhas afiadas no breu da noite paulistana, com Palmeiras e Flamengo prometendo fazer tremer o chão do Allianz Parque. Depois disso, o time de Cuca enfrenta o Corinthians fora de casa e terá superado uma verdadeira provação se continuar na liderança após esta sequência terrível (que antes já teve Fluminense, São Paulo e Grêmio). Depois disso, o futuro imediato promete alguma facilidade, com Coritiba, Santa Cruz e América pela frente.
É claro que são apenas tendências esboçadas em um insosso e INODORO documento do Word, que os cheiros que o mundo real exalam contêm outros condimentos e às vezes enganam os sentidos. A briga entre aquelas almas danadas que tentam fugir da degola, por exemplo, pode custar preciosos pontos para os candidatos ao título. São apenas circunstâncias AROMÁTICAS a mais nesta promessa de que o começo de dezembro não seja apenas a época de passar no cartório para registrar o novo campeão, como vinha acontecendo nas últimas temporadas.
Douglas Ceconello