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Foto: Gilvan de Souza / Flamengo |
ESPN FC: Por Marcos Almeida
O líder venceu, deixando o título mais impossível do que já estava. Cenário ideal para o Flamengo entrar em campo quase sem pressão. E entrou. Como em muitas vezes no ano, foi um time arrasador nos instantes iniciais. Menos de 2 minutos e já estava 1 a 0. Aos 4, poderia estar 2, mas Márcio Araújo se atrapalhou na hora de finalizar.
Lá pelos 20, o Coritiba assumia o posto de melhor time em campo, para não deixar mais. Perdeu chances e tomou o 2 a 0 no contra-ataque. Poderia ter levado o terceiro, em mais um contra-ataque, mas sobrou a Willian Arão a perna ruim; Wilson defendeu.
Merecidamente, eles descontaram. Réver e Rafael Vaz foram para a mesma disputa de bola e perderam para Walisson Maia, no lance do gol sofrido. Mais cedo, Réver já tinha entregado uma nos pés de Raphael Veiga, que se complicou na jogada. Quase no final do primeiro tempo, nossa defesa se mostrou perdida novamente. E lá foi o faz-tudo do Mengo resolver. Diego tirou de cabeça, logo recebeu a bola de volta e a conduziu ao campo de ataque.
Gabriel sentiu a coxa no intervalo. O Fla voltou com Mancuello em seu lugar. Aparentemente, era Zé Ricardo tentando mudar o esquema que não vem dando certo há tempos. Justo, porém o ataque rubro-negro fazia sua melhor partida desde os 2 a 0 sobre o Figueirense (18/09).
Piorou, embora o time tenha seguido criando. Guerrero perdeu grande chance, batendo à esquerda do gol. Depois, cabeceou uma na trave, e teve impedimento marcado após passe errado – que deu certo – de Jorge. 3 boas oportunidades, sim. Mas quem pressionava era o Coritiba.
Jorge salvou uma em cima da linha, com Muralha completando o serviço no rebote. Márcio Araújo recuou errado e Muralha impediu duas vezes, no mesmo lance, o adversário de empatar. Isso fora as inúmeras finalizações pra fora que sofríamos. O Coxa mandava na partida.
Melhor em campo, autor de 2 passes açucarados para os gols do Mengo, Éverton foi trocado por Fernandinho. Vaias a Zé Ricardo. E até que o camisa 31 entrou bem. Parou uma vez em Wilson e criou a chance de ouro de o Flamengo matar o jogo. Só que Fernandinho não tem perna direita e, sozinho, bateu todo desajeitado com a canhota.
Não sei se “quem não faz toma”, mas quem tem a defesa que o Flamengo tem vai tomar de qualquer jeito. Não tomamos quando Márcio Araújo recuou errado pela segunda vez, não tomamos quando Réver – já pensando em armar o contra-ataque – esqueceu-se de dividir com Juninho. Tomamos quando Rafael Vaz errou simplesmente tudo. Se ele quisesse cometer um pênalti em Kléber, não conseguiria. Chegaria atrasado.
Dava para ter ganhado, dava para ter perdido. O Coritiba foi melhor, o Fla perdeu as chances mais agudas. Definitivamente, o título foi embora. Restou-nos a briga pelo G3. E G3 significa disputar a Libertadores já a partir da fase de grupos. Se quisermos algo com ela, precisamos melhorar muito e trocar peças.
Nesse domingo, de uma vez por todas, ficou provado que não dá para Márcio Araújo ser o homem que protege a zaga. Assim como não dá para a zaga protegida ser composta por Réver e Rafael Vaz. É claro que a dupla atual é melhor que Wallace e César Martins. Mas Wallace e César Martins não podem – nunca – servir de parâmetro a um time que almeja ser campeão.
O Flamengo hoje tem a 4ª defesa menos vazada do campeonato porque, na maioria de seus jogos, controla a posse de bola entre 53% e 65% do tempo. Sem a bola, o adversário não marca. Nossos atacantes “de lado” são comprometidos com a marcação, acabam auxiliando mais na hora de não tomar gol que na hora de fazer. Impressiona a dificuldade que o Mengo tem de converter suas chances em gol a cada partida.
Não seremos campeões porque não temos time para tal. O Flamengo venceu somente 1 dos 4 clássicos; ganhou 0 de 7 partidas contra os grandes de São Paulo; venceu apenas 1 dos 9 jogos fora de casa contra clubes grandes (os Fla-Flus foram “sem mando de campo”).
É duro, mas temos de assumir isso. Se acharmos que o time está “quase bom” para a próxima temporada, é bem provável que passemos mais um ano na fila. Nossa zaga é fraca, nossos “volantes de contenção” são fracos, nossos centroavantes reservas são fracos, não temos substituto para Jorge, nosso meio-campo é ultradependente de Diego e sabemos que não podemos confiar 100% em Gabriel, Fernandinho, Sheik, Cirino e Ederson.
3 jogos no Maracanã, 3 empates. 7 pontos dos últimos 18 disputados. É terrível, mas que sirva para algum bem. Que a atual fase do Flamengo deixe claro a todos que temos um craque e alguns bons jogadores, mas que estamos longe de ter um time campeão.
É possível o Flamengo voltar ao topo. Mas, para isso, antes de mais nada, clube e torcida têm de aceitar que é necessário mudar e melhorar. Muito.