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Foto: Chandy Teixeira |
GLOBO ESPORTE: Repare bem nesta foto. É um indício de mudança e equilíbrio possível. Nela está o cearense Rafael Fernandes, de 21 anos, vestido com o casaco do São Paulo sobre uma camiseta da Pain Gaming, um dos mais tradicionais times de esportes eletrônicos do Brasil. A imagem é deste domingo, fim de semana do início do Campeonato Brasileiro. Mas Rafael não está no Mineirão para assistir à estreia do Tricolor diante do Atlético-MG. Ele é mais um entre os milhares de jovens que compareceram à Arena da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, para acompanhar o show dos asiáticos no Mid-Season Invitational (MSI), segundo maior torneio do mundo de League of Legends.
– O São Paulo está perdendo, né? Mas vim assistir ao MSI mesmo assim. É difícil explicar como funciona. Eu torço a mesma coisa para os dois, é muita emoção. Sempre grito muito quando estou na torcida. Eu diria que a minha torcida pela Pain e São Paulo é igual. Até penso em colocar no nome do meu filho algum personagem do LoL – diz o Rafael Fernandes, sacando o celular do bolso para saber que o Tricolor havia perdido para o Cruzeiro.
Além de Rafael, outras pessoas também não esconderam o amor pelo futebol nas arquibancadas do League of Legends. Era fácil avistar camisas de Flamengo, Fluminense, Corinthians, Botafogo e até de times estrangeiros. Houve também quem se vestiu de “futebol” para compor um cosplay – fantasias com personagens do game. Foi o caso da carioca Joana Konder, de 21 anos, vestida de Katarina Red Card, versão juíza de futebol da campeã. A cortesia foi um amigo alvinegro que emprestou o manto e fez uma promessa para pagar a “dívida de ausência” com o Glorioso.
– Ela queria uma camisa preta e branca, eu sou botafoguense e emprestei. Eu fiquei dividido. Não fui ao jogo contra o Grêmio (estreia do Botafogo no Brasileirão), mas vou ao jogo da Libertadores na quinta. E a camisa está em boas mãos, vai dar boa sorte. E se for bola dividida, eu fico com o Botafogo. Libertadores é Libertadores. Mas tem espaço para todo mundo – disse Alan Menezes, de 19 anos.
Há também quem seja fã das duas modalidades, mas aponta o esporte eletrônico como favorito. Torcedor do Flamengo, Lucas Tadeu, de 17 anos, até diz que cada setor ocupa “um espacinho”, mas que a Red Canids – campeã da 1ª Etapa do Campeonato Brasileiro de LoL – tem prioridade na escolha.
– Aqui a torcida é para a TSM (equipe americana participante do MSI), mas sou Flamengo. Cada um ocupa um espacinho, cada um fica no lugar. No Brasil, sou Red Canids. E desde sempre, desde o início. Entre um jogo entre Flamengo e Red Canids, eu fico com o jogo da Red Canids.
Diante disso, cabe uma reflexão: será mesmo que o domingo é só do futebol?