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Guerrero beijando taça de campeão do Flamengo – Foto: Divulgação |
ESPN FC: Por João Luis Jr.
E o Flamengo venceu seu 34º campeonato carioca. Um campeonato que pode ter todos os defeitos e problemas do mundo, que não tem o charme de antigamente, que não tem a competitividade de outros tempos, que teve um regulamento saído do bloco de rascunhos de um dos antigos produtores do programa “Passa ou Repassa”, mas que o Flamengo venceu de maneira maiúscula e inquestionável.
Isso porque o Flamengo, invicto, venceu no mata-mata, mas também teria vencido se o campeonato fosse por pontos corridos. Nos dois turnos o Flamengo teve a defesa menos vazada, o ataque mais positivo e terminou com o artilheiro do campeonato. O Flamengo venceu cada um dos seus rivais ao menos uma vez e na final, em dois jogos, fez questão de vencer as duas partidas, para mostrar que esse ano não veio apenas pra ser campeão, mas pra ser campeão registrado em cartório, com três vias autenticadas, firma reconhecida, nada consta e se você colocar a faixa de campeão carioca diante contra a luz vai ver que tem até uma marca d’água com o sorriso do Rodinei.
Então se a função do estadual é enfrentar seus rivais mais próximos, medir forças contra o adversário ao lado, descobrir quem é “o dono da rua”, acredito que mais uma vez ficou claro qual é o melhor time do Rio. O único problema é que o Flamengo nunca pode se contentar com nenhuma rua menor do que “o mundo todo”.
E é por isso que temos agora pela frente, quase literalmente nessa ordem, a caminhada para conquistar o Brasil, a América, quem sabe o mundo. Porque o Flamengo é grande demais pra considerar vencer clássico como “um campeonato à parte”, imenso demais pra se contentar com estadual, gigante demais para ver como o bastante algo que seja menos do que “tudo que for possível”. Se para alguns times o estadual é um prato principal, para o Flamengo ele nunca pode ser mais do que um petisco – ainda que dos mais saborosos – daqueles que servem apenas pra abrir o apetite.
Então ganhamos o Carioca, mas queremos a Copa do Brasil, essa caminhada curta e intensa em direção a um título nacional, que começa quarta. Queremos a Libertadores, essa jornada em direção ao coração nervoso da América, na qual estamos a um empate das oitavas de final. Queremos o Campeonato Brasileiro, essa maratona de delírio e correria onde ano passado batemos na trave. Amigo, queremos até a Primeira Liga, esse torneio de Schrodinger que você nunca sabe se acabou ou ainda tá acontecendo, acha que já foi cancelado, mas tá vendo TV numa quinta-feira qualquer e os caras tão lá jogando.
E pra isso precisamos aprender com os erros e acertos do Carioca. Ajeitar mais ainda o time, recuperar jogadores, buscar variações táticas, talvez até mesmo trazer alguns reforços para posições carentes, preparar um time que em alguns meses pode ter Conca, Diego e Vinícius Junior jogando juntos, se o professor Zé Ricardo achar espaço no meio de todos esses laterais.
Mas isso só amanhã, claro. Por hoje pode comemorar. Por hoje pode sorrir. Por hoje pode rever gol do Rodinei, pode descrever para o filho pequeno a jogada do quase golaço do Márcio Araújo, pode ver os melhores momentos e soltar um “rapaz, vamos lá, o Gabriel nem é tão ruim assim” enquanto coloca a faixa de campeão em cima da mesa no escritório. Seu time mais uma vez foi campeão, mais uma vez lembrou aos vizinhos porque ele é o maior do estado, em todos os possíveis sentidos, por todas as métricas, por todos os critérios.
Hoje, mais do que nunca, vale aquela eterna verdade: o dono do Rio de Janeiro é o Flamengo. Os outros times no máximo moram lá.