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Rodinei, Guerrero e Damião comemorando gol do Flamengo – Foto: Gilvan de Sozua |
REPÚBLICA PAZ E AMOR: Poucas horas antes do FlaxFlu decisivo de hoje, um grande rubro-negro me perguntou, pelo WhatsApp, qual o meu placar para o jogo. Avesso a essas coisas e péssimo em palpites, preciso confessar um retumbante fracasso: participei, com o pessoal do trabalho, de um bolão na Copa do Mundo de 2014 e, entre cerca de quarenta participantes, terminei num vexaminoso trigésimo sétimo lugar. Mesmo a contragosto, chutei o resultado de um a um – suficiente para nos dar o título –, mas confessei ao amigo que estava temeroso.
As razões do meu temor se baseavam no imenso desgaste que nosso time tivera na quarta-feira, sobretudo no lado emocional, enquanto o Fluminense passava a semana no bem-bom, treinando, descansando e dedicando-se exclusivamente à decisão.
Criamos pouco. Quase não concluímos. Com exceção de um chute de Éverton no primeiro tempo, Diego Cavalieri teve uma tarde sossegada sob as traves tricolores. Parece que o cabôco Wallace baixou de com força em nossa zaga e levamos mais um gol em jogada aérea, trazendo de volta pesadelos recentes. Mas é significativo o fato de, mesmo com o compreensível esgotamento e a falta de inspiração muito comum em partidas decisivas, termos conseguido nosso gol de empate aos trinta e nove do segundo tempo, quando o normal seria, naquele instante, estarmos abatidos e loucos para levar a decisão aos pênaltis. Só que isso não combina com o Flamengo e não tem nada a ver com os grandes momentos da história do clube.
Fora as poucas exceções que confirmam a regra, não há parada fácil quando dois clubes grandes se encontram em decisões. Qualidade técnica, situação financeira, volume de investimentos, pagamentos em dia ou atrasados, equipes completas ou desfalcadas, tudo isso é superado pela rivalidade e a chance de sapecar a faixa no peito.
Durante a campanha, avalia-se a organização tática, a evolução coletiva, os caras que nos surpreendem e aqueles que nos decepcionam. Na decisão, tudo isso vai para o espaço e o que esperamos é entrega e resultado. Não interessa se alguém falhou ou jogou mal, se fulano cruzou quando era para chutar, se sicrano lançou quando era para prender: hoje, todos fizeram mais do que se poderia esperar – não é fácil tomar gol em decisão aos três minutos e ter que correr atrás –, e brigaram do jeito que a torcida rubro-negra gosta e exige.
O Flamengo foi Flamengo. O Flamengo é campeão.
PS: Desculpem se o texto não ficou lá essas coisas. Como aconteceu recentemente com alguns dos nossos jogadores, podem pôr a culpa nas Stellas.
JORGE MURTINHO