![]() |
Ederson posando com troféu do campeonato carioca ao lado de sua esposa e filho – Foto: Gilvan de Souza |
GLOBO ESPORTE: O sofrimento de mais de dez meses tem data praticamente marcada para acabar: nesta quarta-feira, às 19h30, contra o Atlético-GO. Ederson, camisa 10 da Gávea desde julho de 2015, tem grandes chances de jogar e tentar um recomeço na estreia da Copa do Brasil. O jogador está relacionado. A lenta recuperação mexeu muito com o jogador de 31 anos, mas a angustiante espera foi amenizada pelo amor do filho Alessandro, de 6 anos, e da sorridente Patrizia Pighini, italiana com quem é casado desde 2008.
Durante a reportagem, Patrizia emendava sorrisos a cada uma das respostas. De português bem avançado, só repetiu um termo italiano constantemente para falar do possível retorno e do que o marido pode fazer pelo Flamengo: “gioia” , que na nossa língua quer dizer alegria, gozo ou prazer. E “gioia” atrás de “gioia” saíam da boca dela sobretudo ao relatar o entusiasmo do filho.
– Estou muito emocionada. Muito, muito, muito (risos). É uma felicidade incrível poder rever o Eder jogando. Para ele e para nós, o futebol é tudo. Nós vivemos cada dia em função do trabalho dele. Alessandro tem o pai como ídolo. Primeiro e antes que todos o nosso filho é que está feliz de ver o papai jogando – disse a italiana, que foi empresária de Ederson no início de sua carreira.
Nota da redação: ao ser perguntado de seu nome e idade, Alessandro pede a palavra.
– Estou muito feliz que meu pai vai jogar futebol em campo e fazer muitos gols. E também de ele estar jogando no Flamengo porque eu sou flamenguista. Eu adoro futebol! Vou ser atacante porque eu gosto de fazer gols – disse o pequeno.
Ederson atualmente enfrenta o maior tempo de recuperação de uma lesão. A entrada de Fagner, em 3 de julho do ano passado, provocou lesões múltiplas no joelho esquerdo, e o flamenguista teve de ser submetido a uma artroscopia. O tempo de recuperação, aliás, causou discordância entre o ex-chefe do departamento médico do Flamengo e o atual, José Luiz Runco e Márcio Tannure, respectivamente.
Menos grave do que as lesões sofridas quando atuava no futebol europeu – rompeu os dois tendões do músculo posterior da coxa esquerda em 2010 e o teve o mesmo problema na outra coxa quatro anos depois -, o atual problema é o mais doloroso, segundo Patrizia.
– Eder joga há mais de 16 anos como profissional e teve três lesões. Uma no Lyon quando estava jogando na Seleção, outra na Lazio e essa aqui no Flamengo. Essa foi a mais dolorosa, porque ele deixou a Lazio com mais dois anos de contrato. Veio para cá porque o Flamengo era um sonho. Ele queria tanto vir para cá e dar alegria à toda essa nação rubro-negra, enorme “tifoseria” (torcida) que não cabe no mundo (risos). Essa foi seguramente a lesão mais sofrida e dolorosa por ficar esse tempo todo longe da torcida e por não poder dar “gioia” (alegria) à torcida.
Essa foi a mais dolorosa, porque ele deixou a Lazio com mais dois anos de contrato. Veio para cá porque o Flamengo era um sonho. Ele queria tanto vir para cá e dar alegria à toda essa nação rubro-negra
É bom destacar que Ederson sofreu lesões menos graves em 2015 pelo Flamengo, ambas ocorridas em jogos contra o Vasco. Uma na coxa esquerda e outra ligamentar no joelho direito. Diante disso, o clube fez uma preparação especial, e Márcio Tannure apostava que 2016 seria o melhor ano da carreira do camisa 10. Conseguiu sequência boa de março até à tesoura de Fagner.
Confira outros tópicos abaixo da conversa com Patrizia Pighini. Torcedora da Juventus quando pequena por morar no mesmo prédio do lendário goleiro Dino Zoff e desprendida de paixões clubísticas quando passou a atuar no futebol como empresária, ela entende de bola. Define o estilo do marido, exalta a “nação rubro-negra”, como se referiu à torcida, e conta os passatempos do 10 rubro-negro no período de recuperação.
Como foi para a família ver o Ederson engrenando, muito bem contra o Corinthians, e surge aquela entrada do Fagner que ocasionou esse problema. Como foi esse período de angústia? Foi mais sofrimento, porque a gente sabe o quanto o Eder é dedicado no trabalho dele e o quanto ele tem vontade de jogar. Foi um sofrimento ao lado dele. Como o futebol é tudo para o Eder, ele só queria ver o tempo passar. Não foi fácil.
O que os familiares fizeram para apoiar o Ederson, sobretudo você e Alessandro, no período?
Eder é muito ligado à família. Aos irmãos, à mãe e ao pai. Eles vieram muito ao Rio para dar força, visitar e ficar junto. Para deixá-lo o mais animado possível. Mas o Eder tem uma cabeça muito forte. Tem muita vontade. Sempre foi adulto. Mesmo quando menino era um homem (risos). Ele aguenta o sofrimento. Às vezes ele que dá força para a pessoa que está ao lado dele. Ele que dá força para todo mundo. Quando ele voltava para casa, eu e Alessandro fazíamos de tudo para ficar com ele e para brincar. Ele agora gosta de ensinar o Alessandro a fazer as jogadas dele. Alessandro aprende tudo e, às vezes, acha que é melhor do que o pai (risos).
Você trabalhou no ramo e deve entender de futebol. Onde o Ederson entraria nesse time? E como seria vê-lo ao lado do Diego?
Ederson é versátil, se adapta, já jogou em cinco posições diferentes no Lyon. Se jogarem ele e Diego juntos, seria a melhor coisa para o Flamengo. Teria tanta “gioia” (alegria) para a torcida. Seria muita “gioia” se esses dois grandes jogadores jogassem juntos.
Nas redes sociais, há muitas críticas ao seu marido pela demora no retorno. Como encara?
Quanto às críticas pela demora, é normal. A gente quer ver o jogador voltar, sobretudo o Ederson queria. Ele é o mais ansioso para jogar.
O que Ederson fazia no tempo livre?
Ele trabalhava quase sempre em dois períodos. Trabalhava de manhã e de tarde. Na verdade não tinha muito tempo livre (risos). Dedicava o tempo livre ao Alessandro, porque o filho esperava o pai para jogar videogame quando não podiam jogar bola. Ou víamos um filme. Eder gosta de ler livros.
Que livros ele lê?
Ele lê livro de outros esportistas. O último que leu foi a biografia do André Agassi. Ele lê o Pequeno Príncipe para o Alessandro na hora de dormir (risos).
Em outra entrevista ao GloboEsporte.com, o irmão do Ederson disse que ele é muito “chato” em busca de um “bom sono” e alimentação. Ele conseguiu manter esses hábitos mesmo ante à angústia de não voltar tão cedo? Não atacou doces? Nem uma pasta italiana?
Fez oito meses de regime. Continua a controlar o peso para não exceder os quilos que tem. Todos fazemos dieta aqui. Ele que dá o menu aqui para cozinhar. É profissional até nos mínimos detalhes (risos). Por enquanto uma massa italiana aqui não falta. Antes do treino, isso faz bem (risos).