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Guerrero, Gabriel e Márcio Araújo saudando a torcida do Flamengo – Foto: Gilvan de Souza |
ESPN FC: Por João Luis Jr.
Pés no chão, Flamengo, pés no chão. É a melhor maneira para vivermos mais noites de alegria, como a dessa quarta-feira. Vencemos a Universidad Católica, no Maracanã e nos aproximamos da vaga às oitavas de final da Copa Libertadores da América. Um empate com o San Lorenzo, na Argentina, garante a classificação. Até o revés pode nos manter na disputa, mas o Flamengo ainda não pontuou fora de casa. O Atlético-PR já; venceu, inclusive. Derrota nossa, vitória deles e estamos fora. Portanto, nada de dizer que o Mengão está “com um pé na próxima fase” ou vive “situação confortável”. Vamos precisar, sim, jogar bola e sair de campo com ao menos 1 ponto no dia 17. Isto posto, falemos do jogo que nos deixou na liderança do grupo.
Desde que vestiu o Manto Sagrado, Guerrero jamais havia incorporado tanto o espírito do “acabou o caô” como no jogo de ontem. Queria, realmente acabar com o caô. Por um fim na história de que o Flamengo tenta, cria, mas não consegue fazer gols. Chamou para si a responsabilidade, saiu da área, fez o pivô, buscou a bola visando ultrapassagens dos companheiros. Se ela pintasse sorrindo – macia, banguela, ou quadrada –, ele arriscava. Guerrero não estava à procura do gol dele, próprio. O objetivo era marcar um gol para o Flamengo, pelo Flamengo. Isso foi fundamental na partida e é imprescindível a um time que almeja ser campeão.
Guerrero foi o responsável por todas as nossas finalizações no primeiro tempo. Perdeu uma oportunidade clara; não mais clara que a desperdiçada por Fuenzalida. Que bom que o chileno errou! Mudaria a história de uma partida em que o Flamengo começou melhor, para cima, e não conseguiu estabelecer um padrão de jogo. A Católica deu suas cartadas, assustando e afligindo a Nação.
Sem Diego, Rômulo e Berrío, Zé Ricardo atendeu a 2 apelos constantemente feitos pelo blogueiro aqui. O primeiro deles: Mancuello no meio-campo. Nada de ponta, nada de armador. O argentino foi contratado como segundo volante e, aparentemente, essa seria a única maneira de ele render no Flamengo. Mancu não foi bem. Errou, pouco apareceu e chegou a ser vaiado por parte da torcida após falhar no domínio da bola, em passe irresponsável – na fogueira – de Willian Arão. Mal em campo, sentiu o joelho, não retornando para o segundo tempo. E aí Zé Ricardo cumpriu o segundo desejo do blogueiro: “Paradinei”.
Rodinei voltou no lugar de Mancuello, fazendo a dobradinha com Pará – pela direita –, e o Flamengo começou a etapa final mais agressivo. Guerrero, nosso único finalizador até então, sofreu falta perto da área. Ele mesmo cobrou, mas dessa vez não finalizou. A bola bateu em Arão e sobrou para o pé ruim de Rodinei, que não quis nem saber. Chute forte, de primeira: 1 a 0 Flamengo.
Terceiro elemento da ala de “Paradinei”, Willian Arão meio que cruzou, meio que chutou; e nem Éverton, nem Guerrero conseguiram ampliar a vantagem. Pelo lado oposto do campo, a Universidad Católica empatou, na bola aérea que nem foi tão aérea assim. Falha da zaga, mais de Vaz do que de Réver.
A resposta veio no grito da massa, pelo “setor Paradinei”, e acabando com o tal caô. Esticada de Pará para Guerrero, que girou em cima do marcador e bateu cruzado. Gol do Flamengo em jogada trabalhada, sem ser resultante de cruzamento ou de bola parada. O Mengo seguiu melhor – sofreu um pouco, é verdade – e passou a régua com Trauco.
Vale o alerta
Ao próprio Trauco. O cara que encantou a Nação no começo do ano vem fazendo má sequencia de jogos. Pecando na defesa, perdido no ataque e se equivocando demais. Errou tudo nessa quarta-feira. Mesmo no lance do gol ele errou. Aí acertou, errou de novo e – se bobear – até o chute não saiu como gostaria. Que o gol o ajude a recuperar o bom futebol.
Vale o reconhecimento
A Márcio Araújo. De longe, entre os 3 melhores jogadores do Flamengo em 2017, ao lado de Diego e Guerrero. Mais uma partida aguerrida, de entrega, comprometimento e forte marcação.
Vale investir
“Paradinei”. Terceira vez no ano em que Pará e Rodinei jogam juntos pelo mesmo lado do campo, terceira vez que dá bem certo. A dupla tem de ser tratada como real opção e não como alternativa a eventuais desfalques. Não precisa sair sempre jogando com os 2, mas o duo pode servir como trunfo na busca pelo gol. Diante do San Lorenzo, Paradinei será impossível, já que Pará estará suspenso pelo 3° cartão amarelo.
Valendo o investimento
Paolo Guerrero. Depois de turbulências, mais baixos que altos e inúmeros cartões, o peruano tem feito valer a contratação. Imponente, decisivo, cascudo e brigador.
Vale o elogio
A Zé Ricardo. Por mais que insista no mesmo padrão de jogo e não abra mão de Gabriel – que às vezes parece não saber a diferença entre um motel e o Parque da Mônica –, o treinador foi inegavelmente bem contra a Católica. Acertou em cheio nas substituições e chegou a armar um time com 4 laterais de ofício para sair da mesmice, sem abrir mão da marcação e da ofensividade. Também comemorou os gols. Técnico tem de vibrar.
Não vale nunca
Vaiar um atleta durante o jogo. Depois do apito, cada um faz o que quer; mas durante a partida o cara tá lá vestindo as cores do Clube de Regatas do Flamengo. Pode estar mal ou ser um perna de pau, mas precisa do nosso incentivo. Vaias não ajudam. Pelo contrário, apenas prejudicam o Flamengo. Felizmente, não foram muitos que vaiaram Mancuello, e a maior parte da torcida logo tratou de abafar os apupos. Torcida, aliás, que tem cumprido muito bem o seu papel nessa Libertadores. Como nos outros 2 jogos em casa, como na Arena da Baixada, a Nação está de parabéns.
Falta uma partida, duas semanas, 1 ponto. Lutemos pelos 3. A sina da eliminação na fase de grupos há de chegar ao fim. Há de acabar pelos pés de um time que entra em fascinante sinergia com a torcida, quando joga em casa. Que coisa fabulosa tem sido esse Flamengo no Maracanã! Inspira, anima, aflora os melhores sentimentos. Faz com que não apenas sonhemos, mas acreditemos no nosso sonho. E para que ele deixe o imaginário, será necessário despertar esse Flamengo longe do Rio. O jogo contra o San Lorenzo está um tanto distante; não podemos tirar o sonho de perto.
Sem repetir os erros do passado, vamos fortes, Flamengo! Sonhar é bom, acreditar em ti é ainda melhor.