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Foto: Divulgação |
COSME RIMOLI: O faturamento da Natura em 2016 foi de R$ 7,6 bilhões.
O resultado está estampado no balanço da empresa.
O diretor executivo de futebol do São Paulo, Vinicius Pinotti, tem 5,5% da empresa especializada em cosméticos. Ou seja, no ano passado, sua fortuna pessoal aumentou em mais de R$ 400 milhões brutos, sem descontos.
Ele passou a fazer parte da diretoria do clube de uma maneira questionável. Emprestou R$ 13 milhões para a compra de Centúrion, em 2015. O então presidente, Carlos Miguel Aidar, recebeu feliz o dinheiro. Trouxe o atacante argentino. E deu o cargo de diretor de marketing a Pinotti. Aidar renunciou depois de inúmeras denúncias de negociações suspeitas.
Leco assumiu e logo se afeiçoou a Pinotti.
O presidente do São Paulo sabe da fortuna e da paixão desenfreada do executivo pelo clube. A ponto de ter uma tatuagem com o distintivo são paulino no braço direito. Leco sempre defendeu que os são paulinos endinheirados deveriam contribuir com o clube. Principalmente agora, quando a falta de dinheiro é evidente. O clube deve perto de R$ 350 milhões.
As três eliminações seguidas do clube atingiram em cheio Rogério Ceni.
Leco o havia escolhido como escudo e cabo eleitoral.
Ele deu sua palavra que o maior ídolo da história do São Paulo teria seu apoio incondicional. E foi além. Em uma conversa reservada pediu paciência. A falta de condições financeiras o faria trabalhar com elenco limitado em 2017. No próximo ano, o dirigente garantia a chegada de aporte para grandes contratações. Desde que o time estivesse classificado para a Libertadores.
O São Paulo não conquista nenhum campeonato desde 2012, quando ganhou a Sul-Americana. Faz nove anos que levantou a taça de seu último Brasileiro. 12 anos que não vence o Mundial, a Libertadores e o Paulista.
Esse acúmulo de fracassos afasta grandes investidores.
O clube é obrigado a tirar recursos de onde pode. Transmissão de tevê e arrecadações têm sido fundamentais. Aliás, foi ideia de Pinotti de baixar os preços para que o clube levasse mais torcedores ao Morumbi.
O dinheiro gasto para contratar 50% de Lucas Prato, R$ 20,6 milhões, foi um investimento de Leco na sua reeleição. Ele queria passar a imagem aos conselheiros que iria montar um grande time.
Sua lua de mel com a presidência acabou.
As eliminações do São Paulo foram muito pesadas.
Para o Corinthians, no Paulista, e Cruzeiro, na Copa do Brasil, foram consideradas normais. Mas não a de quinta-feira para o Defensa y Justicia, na Sul-Americana. A cobrança em cima de Rogério Ceni já é enorme. O maior ídolo da história do clube tem seu trabalho questionado. Há muitos que acreditam que ele queimou etapas, assumindo o time principal sem a menor experiência. Não chegou a terminar sequer o curso básico como técnico na Europa.
Ceni sabe que tem a obrigação de levar o time à Libertadores do próximo ano. E só restou um único caminho. O Brasileiro. São sete vagas para equipes nacionais. As chances aumentaram com a modificação na disputa da competição pela Conmebol, esticando a competição até novembro e aumentando o número de clubes para 44.
Mas o técnico do São Paulo já percebeu o óbvio.
Sem reforços, o clube pode não chegar até a Libertadores.
Leco acredita que para tudo ficar mais calmo no clube, a saída será imitar a filosofia do ex-presidente do Corinthians, Alberto Dualib. Sempre que acuado, Dualib decidia desviar o foco. E nada melhor do que comprar um jogador importante. Imprensa, torcida, conselheiros dariam trégua. E Ceni teria mais tranquilidade para trabalhar.
Daí, a fortuna de Pinotti pode ser fundamental.
Desde ontem o clube ativou seus empresários e agentes de confiança na busca de reforços. Rogério Ceni quer um atacante veloz pelos lados do campo. E um meia articulador, com capacidade para tornar o jogo do time mais constante. E, de preferência, atletas reconhecidos, rodados, vividos.
O primeiro é Everton Ribeiro.
Apesar de o meia do Al Ahli já estar apalavrado com o Flamengo, Leco acredita que pode atravessar a negociação. Afinal, o São Paulo foi o primeiro clube a tentar sua volta. Teve de recuar, diante da pedida de R$ 30 milhões dos árabes. Como o clube carioca já deixou acertada a venda de Vinícius Júnior por R$ 130 milhões ao Real Madrid, há dinheiro na Gávea para a transação ser efetuada.
Para duelar de igual para igual, Leco quer novo empréstimo de Pinotti. O diretor executivo de futebol sempre foi fã, verdadeiro tiete, de Rogério Ceni. E quer, de qualquer maneira, protegê-lo neste pior momento na sua curtíssima carreira como treinador. A esperança do presidente do São Paulo é que ele banque os R$ 30 milhões para o clube ter Everton Ribeiro.
Se Pinotti negar, a saída será empréstimo bancário para a compra.
Outro jogador dos Emirados Árabes está na mira. Nilmar. O atacante de 32 anos quer voltar ao Brasil. Está na reserva do Al-Nasr. Sua contratação seria muito mais fácil. O Santos estava interessado e desistiu. Tudo depende de dinheiro. Até porque o jogador sempre foi especialista em altos salários.
Leco está muito preocupado.
Quer agir rápido.
Tem medo que outra derrota, amanhã, na estreia do Brasileiro, contra o Cruzeiro, torne o ambiente ainda mais pesado o ambiente no Morumbi para Rogério Ceni.
A armadura do ídolo está derretendo.
O treinador de péssimo trabalho veio à tona.
A hora não é só de ‘prestigiá-lo’.
Mas dar reforços significativos, importantes.
Por isso, o dinheiro de Pinotti é fundamental.
A tensão se torna sufocante no Morumbi.
Como diria Alberto Dualib, a hora é de desviar o foco…