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Time do Flamengo entrando em campo contra o Santos na Ilha do Urubu – Foto: Gilvan de Souza |
ESPN FC: Por João Luis Jr., do Isso Aqui é Flamengo
Poucos estádios hoje têm um custo tão alto pra se visitar quando a Ilha do Urubu. Primeiro o custo financeiro óbvio: os ingressos são poucos e caros, com valores salgados até mesmo para quem é sócio-torcedor. Depois o custo prático: a localização na Ilha do Governador faz com que a maior parte da torcida precise se deslocar longas distâncias até chegar lá. E por fim, o custo emocional: depois de gastar uma significativa parcela do seu salário e ficar no transporte durante algumas horas, o torcedor ainda é obrigado chegar no estádio e ver alguém anunciando Márcio Araújo titular.
Mas, mesmo assim, na noite dessa quarta-feira todo esse investimento valeu a pena, porque, sim, finalmente aconteceu: o Flamengo voltou a não apenas vencer, mas também a atuar de maneira convincente. Contra um Santos que, apesar de não ser atualmente uma das grandes equipes a serem batidas no futebol brasileiro, está longe de ser um time fraco, o Flamengo dominou a partida e atuou de forma quase sempre segura, soube criar oportunidades e apenas não saiu com uma vitória ainda mais tranquila porque o goleiro do Santos, Vanderlei, esteve numa noite impressionante, que poderia servir de inspiração para outros goleiros pelo Brasil. Sim, Muralha, isso foi uma indireta. Lide com ela como quiser.
E mais do que uma vitória importante que coloca o Flamengo numa posição bem interessante para o jogo de volta dessa fase da Copa do Brasil, essa partida representou a reabilitação de dois gringos que vinham tendo chances mas ainda assim continuavam questionados: Berrío e Cuellar.
Berrío, que já vinha sendo comparado por uma parte da torcida com Marcelo Cirino, uma das piores ofensas não apenas que um atleta, mas talvez até mesmo que um ser humano pode receber, fez aquela que talvez tenha sido sua melhor partida pelo Flamengo. Movimentação incessante, várias finalizações, participação ativa durante o jogo, Berrío chegou a quase fazer um golaço de bicicleta, impedido apenas pela presença constante do goleiro santista. Segue em alguns momentos se confundindo com a própria velocidade e aparentando mesmo aos 26 anos ainda não ter se acostumado com a fato de que possui duas pernas? Realmente. Mas mesmo assim mostrou que é cedo demais para descartar o atacante colombiano e talvez ele precise apenas de um período mais longo de adaptação para brilhar.
Já o eternamente preterido Cuellar, uma das mais extremas vítimas da maldição de Márcio Araújo, já que chegou até mesmo a ser titular da seleção de seu país enquanto no clube era reserva para Marcinho, mostrou mais uma vez que ainda que não tenha a técnica de William Arão ou a velocidade de MA, tem muito mais vontade e capacidade de lembrar que está dentro de um campo de futebol do que os dois volantes preferidos de Zé Ricardo. Ainda que errando alguns combates, ainda que não sendo exatamente um mago da saída de bola, Cuéllar não apenas se doou o jogo todo como foi coroado com um belo gol no fim da partida, o que deve garantir sua presença no time titular por mais algumas rodadas. Ou o seu retorno para o banco. Com Zé Ricardo é complicado saber.
Todos os problemas do Flamengo foram resolvidos e já podemos voltar a discutir se é ou não “Flarcelona”? Não chega a tanto, claro. O time em vários momentos abusa dos chutões e dos cruzamentos, Márcio Araújo segue titular mesmo atuando cada vez mais confuso e desatento, Rafael Vaz segue sendo colocado em campo e existindo de um modo geral, então muitas coisas ainda precisam ser trabalhadas. Mas, possivelmente pela primeira vez desde a Libertadores, o Flamengo faz uma partida segura, convincente, e que pode sinalizar a tão necessária evolução que a equipe de Zé Ricardo vinha buscando.