O GLOBO: Artilheiro isolado do Campeonato Brasileiro com 18 gols, Gabigol terá um novo destino em 2019. Na Europa, a Inter de Milão não pretende aproveita-lo e o West Ham, da Inglaterra, aparece como principal interessado. No Brasil, o Flamengo estaria disposto a pagar até 97 milhões de reais para contar com o jogador. Para onde for, o atacante aproveitou sua volta ao Santos para provar que merece mais uma chance após passagem ruim pela Itália e que amadureceu o suficiente para atuar em alto nível.
Vale o investimento? Após o retorno ao Santos, no início deste ano, o atacante demonstrou sintomas de porque não deu certo em sua primeira passagem pela Europa, mas também balançou as redes suficientemente para relembrar o motivo da ter sido alvo de um investimento de 30 milhões de euros em 2016, o equivalente R$ 112 milhões de reais na época.
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Gabigol na Seleção Brasileira – Foto: Koji Watanabe/Getty Images |
Aos 22 anos, Gabriel foi o artilheiro mais jovem do Campeonato Brasileiro, desde 2008, quando Keirisson, então com20, ficou entre os principais goleadores. Ao todo, marcou 27 gols em 52 partidas e foi o principal jogador do Santos em um ano de pouco brilho da equipe. Ficou em um modesto décimo lugar no Brasileiro e foi eliminado na Libertadores (oitavas), na Copa do Brasil (quartas) e no Campeonato Paulista (semifinal).
Mas Gabriel não foi uma unanimidade o ano todo.No Paulista, perdeu um clássico contra o Corinthians depois de tomar um cartão amarelo bobo no jogo anterior por ter chutado a bola enfurecido após decisão da arbitragem. Poucos dias depois, na primeira fase da Libertadores, foi expulso ainda no primeiro tempo contra o Nacional-URU, depois de tomar um cartão por reclamação e outro por uma falta desnecessária no meio do campo. Foi o momento de maior incerteza.
Estes atos relembraram sua passagem pela Europa. Em uma partida do Campeonato Italiano, Gabriel chegou a abandonar o banco de reservas da Internazionale após não ter sido utilizado. As atitudes geraram críticas. Ex-técnico da Inter, Frank de Boer chamou o atacante de mimado, o acusou de agir como se fosse uma estrela e reclamou da postura do atleta nos treinamentos.
“Ele tem de se olhar no espelho. Precisa demonstrar a cada dia no treinamento que é o melhor ou que pode ser um bom jogador, não com atitude de estrela. Se não mudar, será uma lástima para o futebol brasileiro”, disse na época.
Na Europa, ele participou de apenas dez jogos pela Inter de Milão e marcou um gol. Foi emprestado ao Benfica, de Portugal, e repetiu o aproveitamento ruim, aparecendo em apenas cinco partidas. A falta de maturidade foi indicada como principal empecilho para o sucesso europeu.
Não é à toa que Gabigol focou em “evolução” e “crescimento”, ao divulgar uma carta de despedida ao Santos. Hoje, é o principal ponto que põe em dúvida seu sucesso no futebol. Mas ele já deu indicativos de ter melhorado.
A guinada produtiva se deu no segundo semestre e coincidiu com a chegada de Cuca. Em um primeiro momento, o técnico chegou a barrar o atacante. Mas depois de uma conversa, elegeu Gabigol como capitão do time e ele engatou de vez. Balançou as redes com mais frequência e mudou sua postura.
Além do incentivo moral de Cuca. O treinador também colocou Gabriel para jogar de centroavante. posição que não é a sua origem. O atacante surgiu atuando pelos lados do campo. Até por isso, tem dificuldade em disputar bola com os defensores em tiros de meta e bolas alçadas para frente. Por outro lado, acaba levando vantagem em jogadas de velocidade.
Além da agilidade, Gabriel se movimenta muito bem e dá bastante opção para receber bolas em boas condições. A finalização é seu ponto mais forte. Se tiver espaço, é muito efeciente com a perna esquerda. Costuma a ir bem em duelos individuais, criando espaço para chutar. No futebol brasileiro, provou que é um jogador acima da média e que pode fazer a diferença.