GLOBO ESPORTE: O ano de exílio no Japão serviu para Alex Muralha voltar a ter um pouco de tranquilidade no dia a dia. Foi o que faltou no Flamengo em 2017. Falhas, críticas, pressão da torcida… A vida do goleiro virou um inferno, que praticamente forçou sua saída do Rubro-Negro.
Em 12 meses de Albirex Niigata, na segunda divisão do futebol japonês, Muralha teve bons e maus momentos. Mais bons do que maus, na avaliação do próprio. Mas o clube, sem dinheiro em caixa, não conseguiu exercer a opção de compra ao fim do empréstimo. Agora ele está de volta ao Brasil. O contrato com o Flamengo vai até o fim de 2020, só que a situação do goleiro está indefinida.
![]() |
Foto: Ivan Raupp |
O drama vivido por Muralha ainda está vivo em sua cabeça. É por isso mesmo que ele pretende tentar mudar a imagem que ficou e não tem medo de dizer: quer voltar ao Rubro-Negro.
– Olha, sinceramente meu desejo é, sim, voltar… A gente começa jogando futebol pequeno e sempre tem um sonho de chegar a um grande clube. Rodei muito nessa vida por muitos clubes do interior, passei muitas dificuldades. As pessoas só veem o Muralha no Flamengo, com a camisa do Flamengo, mas o que a gente passa, os tombos, ninguém vê. Tenho, sim, o desejo de voltar. Tenho condições profissionais e qualidade para voltar. Sei que é muito adversa minha situação, mas vou trabalhar, vou lutar para que possa voltar e mostrar o meu verdadeiro valor, e não ser taxado, como fizeram com a minha imagem. Vou ter que correr muito contra o tempo, lutar mais que o dobro para que isso possa acontecer – disse, em entrevista ao Esporte Espetacular.
Alex Muralha passa férias em Florianópolis, na casa onde moram os sogros, e recebeu a reportagem no projeto social que criou há quatro meses, em São José, a 15km da capital. Do mesmo jeito que hoje está ajudando 122 crianças, ele precisou ser ajudado para conseguir se reerguer após o período difícil no Rio de Janeiro.
– Me fez crescer muito mais como pessoa, ser humano. Me fez sentir muito mais a dor do próximo, ver quando uma pessoa está numa situação ruim e a gente tem que estar lá, tem que abraçar mesmo, dar apoio, porque é muito ruim estar numa situação adversa e ver que muitos amigos se afastam. Você olha para trás e vê seu pai, sua mãe, sua esposa, seus filhos. Foi muito importante tê-los ao meu lado. Isso me deu muita força para poder suportar. Eles foram fundamentais na minha recuperação e me deixaram mais forte.
Sobre a torcida do Flamengo, Muralha sabe que a cobrança será grande, mas acredita que a relação conflituosa entre eles tem solução.
– Vai ser muito difícil, vai ter muita desconfiança. É uma torcida de massa. Tenho que ganhar a torcida de uma maneira diferente, trabalhando muito, dando meu valor, ajudando meus companehiros e, quando tiver oportunidade, se eu tiver a oportunidade de permanecer no Flamengo, vou mostrar realmente quem eu fui nos tempos bons. Costumo sempre olhar os tempos bons que tive no Flamengo.
A reapresentação do Flamengo está marcada para 2 de janeiro, e Muralha deve estar nela. O goleiro ainda não sabe se seguirá no clube ao longo da temporada de 2019, mas pede um voto de confiança.
– Pediria para verem o Alex Muralha que chegou ao Flamengo (em 2016), aquela estreia (no Brasileirão) no Moisés Lucarelli. A gente venceu aquele jogo, fiz uma boa partida, então quero que a torcida relembre daquele jogo, até da final do estadual também, que foi bem dificil (contra o Fluminense em 2017). Pode ter certeza que eu vou trabalhar e dar o meu melhor para ser o Muralha duas vezes melhor do que fui quando estava lá – encerrou.