ESPN FC: Por João Luis Jr.
Como já falamos antes, o mês de dezembro do apaixonado por futebol é marcado basicamente por dois tipos de assunto. Um são as peladas de fim de ano que colocam em campo jogadores, ex-jogadores, artistas, amigos de artistas, amigos de jogadores e ex-jogadores, amigos de amigos de ex-artistas e ex-amigos de artistas ex-jogadores. É aquele momento em que você descobre que existe um sertanejo que joga melhor que vários titulares do seu time, que o Eri Johson é realmente amigo de todo mundo, que enquanto o Adriano ainda conseguir andar e atualizar o Instagram sozinho vai sempre existir algum torcedor rubro-negro pedindo a volta do Imperador.
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Foto: Divulgação |
Outro, claro, são as especulações. Sejam elas corretas, erradas ou apenas aleatórias, fruto de apuração jornalística bem feita, cavada de empresário ou apenas alguém que leu um tuite em outra língua e entendeu errado, elas movimentam os noticiários, ocupam as discussões e evitam a abstinência total daquele torcedor tão viciado em futebol que agora está tendo que assistir melhores momentos de amistoso de despedida do Emerson Sheik pra tentar ter algum barato.
E se o Flamengo já é um clube naturalmente fértil pra boatos de transferência – qualquer notícia sobre o Flamengo chama atenção pelo simples fato de ser o Flamengo – nessa temporada, com o clube admitidamente precisando de contratações e também publicamente tendo bala na agulha para isso – a tão noticiada verba de 100 milhões para contratações – as coisas estão se aproximando cada vez mais da casa do absurdo.
Mas se infelizmente Harry Kane não deve vir pro Campeonato Carioca e felizmente Ganso não parece ter avançado nas negociações para vestir vermelho e preto, do que o Flamengo realmente precisaria para ter um 2019 melhor do que o frustrante 2018 que nós tivemos?
Primeiro, precisamos de laterais. Eu sei que já foi dito, discutido e repetido, mas não é possível ressaltar o bastante o quanto o Flamengo precisa de laterais. Se na esquerda Renê ao menos serviria como um reserva digno para um titular de mais qualidade, na direita a situação é tão complicada que praticamente qualquer jogador especulado para a posição parece vantagem. Mariano? Parece bom. Rafinha? Soa excelente. Algum argentino que você nunca ouviu falar mas disseram numa mesa redonda que é ok? Vamos que vamos. Um cachorro treinado usando uma camisetinha do Flamengo? Pior que o Pará duvido que esse auau fofo seja.
Além disso, precisamos de zagueiro. Com Réver a caminho do Atlético e Juan aposentado, temos como opções Léo Duarte, Rhodolfo e Thuler, o que faz com que a possível chegada de Miranda possa ser uma das contratações mais certeiras da história recente do Flamengo – caso ele venha mesmo e não tenhamos que, sei lá, aguentar Rafael Vaz reintegrado ao elenco.
Podemos precisar de mais um goleiro caso Diego Alves saia? Possível. O meio de campo precisa de mais opções num cenário sem Paquetá e com as possíveis saídas de Diego e Arão? Óbvio. Mesmo com Dourado, Uribe e Lincoln o Flamengo ainda se ressente da ausência de um goleador? Com toda certeza.
Mas por mais que tudo isso seja verdade e o clube deva estar sempre trabalhando para aprimorar seu elenco – se o Cristiano Ronaldo quiser vir pra Gávea não vamos vetar porque o Éverton Ribeiro já vem atuando bem pela direita – é preciso que nessa janela de transferências o clube tenha consciência de quais são suas necessidades mais urgentes para investir de acordo com elas.
Porque claro, especulações nem sempre são verdadeiras e não existem motivos para criticar uma diretoria que mal chegou ao poder, mas se o Flamengo começar a temporada contratando mais um atacante de qualidade questionável por mais de 30 milhões de reais enquanto tem Pará e Rodinei brigando pela titularidade da lateral fica muito complicado sustentar a esperança de que não vamos passar tanta raiva assim no ano que vem.