GILMAR FERREIRA: Vence nesta sexta-feira (4) o prazo que a diretoria do Flamengo deu a Cruzeiro e Santos (e, no fundo, a ela mesmo) para o desfecho favorável nas negociações de compra dos direitos econômicos do zagueiro Dedé e do atacante Bruno Henrique.
Pouco houve de evolução nas tratativas, mas surgiu uma luz que pode clarear as coisas.
O presidente santista José Carlos Peres, que precisa de dinheiro para reforçar o time, abriu a possibilidade de negociar Gustavo Henrique, de 25 anos.
E o zagueiro de 1,96m passaria a ser uma opção para o Flamengo, caso as tratativas com o cruzeirense não dêem certo.
Por ora, o nome não seduziu os rubro-negros que insistem em ter os jogadores listados como prioridade – casos de Dedé, Dodô, Bruno Henrique e Gabgol.
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Arrascaeta, do Cruzeiro – Foto: Pedro Vilela/Getty Images |
O nome de Arrascaeta surgiu em função do impasse para a permanência de Diego.
Somada, é claro, à oportunidade levada ao executivo Bruno Spindel pelo próprio agente que cuida dos interesses do meia.
Ele é o uruguaio Daniel Fonseca, o Fonseca, centroavante que fez relativo sucesso no futebol italiano nos anos 90.
Spindel foi a Montevidéu conversar com o empresário e com o próprio Arrascaeta e os três, juntos, desenharam a operação.
E por que os três juntos?
Porque o jogador e seu empresário tem 50% dos direitos econômicos, e os outros 25% pertencem a investidores.
O Cruzeiro tem apenas os 25% restantes, parte que lhe garante a posse dos direitos federativos.
Ou seja: fica claro que o uruguaio escolheu jogar no clube mineiro em 2015.
Afinal, o Inter-RS tinha acerto encaminhado com Fonseca e o Defensor Sporting, quando o Cruzeiro, com o auxílio de investidores, entrou na história.
Pagou ao quatro milhões de euros à vista, ao clube e ao agente, por 50% dos direitos econômicos, e teve a preferência do uruguaio.
A proposta que o agente apresentou ao Cruzeiro é de dez milhões de euros por 50% dos direitos econômicos.
Resta saber se os outros 25% seriam da parte dos investidores ou da parte que cabe a Fonseca e ao próprio Arrascaeta.
A questão, portanto, é muito clara:
O Flamengo mapeou os jogadores de “nível A”, cujos direitos econômicos estão divididos entre clubes e os grupos de investimento.
E com dinheiro no orçamento oferece aos “homens de negócio” boa margem da lucro na realização da operação.
O problema é que faz à revelia dos clubes que detêm os direitos federativos destes jogadores presos sob contrato.
E tal expediente começa a gerar mal-estar no mercado.
Mas nada que, em anos passados, clubes como o Fluminense, São Paulo, Palmeiras e o próprio Cruzeiro já não tenham feito.
A mais pura verdade é que hoje o Flamengo é escolhido por agentes e investidores como o clube brasileiro mais atraente do mercado nacional.
E está difícil até para os rubro-negros se relacionar com tanta procura.
Bem faz Abel Braga que, em meio à tanta exposição, mandou incluir na delegação o menino Vítor Gabriel, o tratorzinho da base, que mete gol com facilidade.