O
GLOBO: O Corpo de Bombeiros confirmou ao O Globo neste domingo que não
inspecionou o alojamento da base do Flamengo que pegou fogo na última
sexta-feira, matando dez meninos , mesmo tento fiscalizado o Centro de
Treinamento três vezes no ano passado, quando o clube inaugurou o novo módulo
profissional, gastando R$ 38 milhões para a área dos atletas profissionais, a
dez metros dos contêineres dos meninos da base.
Os Bombeiros explicaram que
"em casos de processos de regularização, as fiscalizações são
realizadas sob demanda e nas áreas solicitadas. E a estrutura provisória não
constava no projeto e não foi identificada nas áreas vistoriadas". Além
disso, explicou que a vistoria é realizada com base no projeto de segurança
apresentado pelo clube e aprovado pela corporação conforme legislação vigente.
O
Flamengo, um dos clubes com maior arrecadação do país, com estimativa de R$ 750
milhões em 2019, manteve o Ninho do Urubu em funcionamento desde 2011, mesmo
com 31 autos de infração, emitidos pela Prefeitura do Rio de Janeiro por
descumprimento de edital de interdição, por falta de alvará. Para a obtenção
deste documento, precisa justamente do Certificado de Aprovação do Corpo de
Bombeiros.
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Bombeiros no Ninho do Urubu, CT do Flamengo - Foto: REUTERS/Ricardo Moraes |
CLUBE NÃO SE MANIFESTA
Ainda
em nota, explicou que "não cabe ao CBMERJ autorização para funcionamento
do estabelecimento" e que em caso de dormitórios, "determinar número
de portas e tamanho de janelas (o Código de Obras do município e as normas
técnicas vigentes regem essa especificação)." Também afirmou que as
instalações elétricas não estão entre as atribuições da fiscalização da
corporação (que recolhe Anotações de Responsabilidade Técnicas atestadas por
profissionais responsáveis.).
Em
2018, afirmou os Bombeiros, foram realizadas três vistorias no local, e que
"nessas ocasiões, não foram constatados riscos que justificassem
legalmente a interdição imediata do espaço." Explicou ainda que a
interdição é uma sanção cabível não, exclusivamente, pela falta de
documentação, mas sim pela existência de risco flagrante, grave e iminente, o
que não foi constatado.
O
clube, que criou um comitê de crise, não responde aos questionamentos dos
jornalistas. Perguntado pelo O Globo sobre a falta de documentação, multas e o
uso indevido do local onde ficava o alojamento da base, o clube não se
manifestou. Uma equipe jurídica do
Flamengo, com membros dessa e da última gestão, se reúne hoje com autoridades,
inclusive com representantes dos Bombeiros para esclarecer e tornar definitivo
o processo de regularização do Centro de Treinamento.
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