EXTRA
GLOBO: Os atletas do Flamengo que morreram queimados enquanto dormiam em um
contêiner no Centro de Treinamento na última sexta-feira tinham apenas uma
pessoa do clube fazendo a supervisão deles. Um monitor, que era funcionário da
base, e responsável direto pelo grupo de menores. Trata-se de Marcos Vinicius
Medeiros, que já prestou esclarecimentos à Polícia Civil, na 42° DP.
Na
noite do incêndio, ele era o monitor escalado para o plantão. Segundo fontes
ouvidas pela reportagem do EXTRA, o funcionário não estava dentro do contêiner
e chegou depois para participar da tentativa de salvamento das vítimas. Segundo
especialistas, é preciso ter um adulto acordado e atento para cada dez jovens,
para atender as demandas coletivas desses menores, e tentar minimizar as
consequências do incêndio na estrutura.
— O
monitor que cuidava da gente toda noite chegou para me ajudar a sair pelas
grades — afirmou o atleta sobrevivente Cauã Emanuel Gomes Nunes.
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CT do Flamengo - Foto: Divulgação |
Sob
efeito de medicamentos para dormir, o segurança do Flamengo ainda não consegue
apagar da memória as cenas do incêndio que atingiu o alojamento da base do
clube. No momento, o funcionário quer ficar em casa com a família e a filha de
15 anos, em quem pensou na hora da ação heroica em que resgatou três garotos
que estão hospitalizados.
— O
rótulo de herói não existe pra mim. Preferia entrar, perder minha vida e salvar
todos. Depois disso minha vida não vai ser a mesma —emocionou-se o segurança
Ferreira.
Rotina noturna
Normalmente,
o Ninho do Urubu tem seguranças na portaria e em outras áreas estratégicas. Na
área do alojamento da base, é o monitor que faz a ronda e supervisiona os
jovens durante as atividades noturnas. O que os atletas fazem durante o período
é relatado pelo funcionário para os coordenadores da base do clube.
Os
seguranças tomam conta dos módulos do Centro de Treinnamento. O que participou
da tentativa de resgate, Benedito Ferreira, prestou esclarecimentos à Polícia
Civil e confirmou por exemplo a existência de extintores de incêndio no local
do alojamento.
O
segurança tinha contato diário com os jovens e recebeu a solidariedade de
funcionários do Flamengo e familiares de atletas.
—
Quero a metade da minha vida de volta, a inteira não vou ter mais — desabafou o
funcionário do Flamengo, que não tem prazo para voltar ao trabalho.
O
clube também presta assistência para os funcionários envolvidos no incêndio. O
mesmo hotel oferecido para as famílias, assim como assistência psicológica,
foram ofertados para os profissionais que viveram aquela noite de terror. Em
nota, o Flamengo afirmou que, independentemente de qualquer investigação, “vem
prestando todo o amparo às famílias dos atletas vitimados pela tragédia
ocorrida no Centro de Treinamento, assim como aos feridos e sobreviventes”.
O
comunicado também explica que o clube, “assume o compromisso de manter a
remuneração paga aos atletas vítimas do incêndio, sem qualquer prejuízo de
outras ações adicionais de apoio que estão sendo implementadas”.
Nenhuma
justificativa que traga as vidas de volta ou explique que havia um procedimento
para situações desta gravidade.
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