UOL: Dez
jovens sonhadores. Dez meninos do principal orgulho do Flamengo: a sua base. O
incêndio que tirou as vidas de possíveis futuros ídolos do clube mais popular
do país atingiu em cheio famílias, amigos, torcedores e o conhecido lema
"craque o Flamengo faz em casa". O xodó dos rubro-negros sofreu um
duro golpe e será difícil superá-lo.
As
mortes de Arthur, Athila, Bernardo, Christian, Gedson, Jorge, Pablo, Samuel,
Vitor e Rykelmo dilaceraram corações em todo o mundo em meio a "era de
ouro" das categorias de base do Flamengo. Internamente, havia a certeza de
que muitos deles seriam destaques do clube em pouco tempo.
Os
meninos lidavam com algumas convicções: melhorariam as vidas das famílias, chegariam
ao profissional e, futuramente, seriam negociados para reforçar os cofres do
clube, além de alcançarem definitivamente a sonhada mudança de patamar através
do futebol.
Essa,
inclusive, foi a trajetória que Vinicius Júnior e Lucas Paquetá seguiram
recentemente. A dupla utilizou os mesmos alojamentos e se transformou em
símbolo de uma base vencedora, que conquista títulos importantes em sequência e
negocia jogadores por valores expressivos.
Vinicius
Júnior é a segunda maior venda da história do futebol brasileiro, atrás apenas
de Neymar. Foi transferido por 45 milhões de euros (R$ 164 milhões à época)
para o Real Madrid. Ele já começa a brilhar na Espanha e viveu mais um fim de
semana de destaque. Paquetá foi para o Milan por 35 milhões de euros (R$ 150
milhões à época) e fez o primeiro gol pelo Rubro-negro italiano justamente no
último domingo (10). O meia se emocionou e homenageou os meninos, todos com
histórias tão parecidas com a dele.
E não
foram apenas Vinicius Júnior e Lucas Paquetá que "turbinaram" a base
do Flamengo. Recentemente, Jorge e Felipe Vizeu foram negociados. A soma das
vendas colocou um valor superior a R$ 400 milhões nos cofres da Gávea. É muito
significativo, já que a base trabalha com um orçamento de cerca de R$ 20
milhões por ano na formação de atletas. Ou seja, é dinheiro suficiente para
trabalhar por pelo menos 20 anos.
E foi
justamente em meio ao cenário de otimismo que o fato mais triste da centenária
história rubro-negra aconteceu. Acabou com sonhos, destruiu famílias e
interrompeu mais uma safra promissora.
Caberá
aos cerca de 100 profissionais que trabalham atualmente na base rubro-negra a
missão de reconstruir a história e novamente pavimentar o caminho. Não será
fácil. Muito pelo contrário. Só que o Flamengo deve isso aos eternos
"Garotos do Ninho". Investir na base não se trata de um gasto. É ali
que o futuro do clube é formado e, infelizmente, parte absolutamente especial
dele foi destruído em um trágico incêndio no Ninho do Urubu.
O caso
O
incêndio aconteceu nas primeiras horas da última sexta-feira (8). Os bombeiros
foram acionados às 5h17 (horário de Brasília). O fogo atingiu a ala mais velha
do CT, que servia de alojamento para as categorias de base do clube e recebia
jogadores de 14 a 17 anos de idade. O local seria desativado e demolido nas
próximas semanas. Autoridades do Rio de Janeiro trabalham com um problema no
sistema de ar-condicionado do alojamento como principal hipótese para o
ocorrido.
O
governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, decretou três dias de
luto oficial após a tragédia.
As vítimas
Foram
confirmados dez mortos e três feridos. As vítimas foram identificadas como
Christian Esmeio Candido (15 anos), Vitor Isaías (15 anos), Jorge Eduardo (15
anos), Pablo Henrique da Silva (15 anos), Bernardo Pisetta (14 anos), Arthur
Vinicius (14 anos), Athila Paixão (14 anos), Gedson Santos (14 anos), Rykelmo
Vianna (16 anos) e Samuel Thomas Rosa (15 anos).
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