UOL: A
vibração à beira do campo segue igual desde os tempos de Portugal, mas o terno,
a gravata e o cachecol deram lugar ao estilo despojado, com agasalho e camisa,
visual mais adequado para uma vida à beira-mar no Hemisfério Sul. No Rio de
Janeiro desde o início de junho, o técnico Jorge Jesus tratou de arregaçar as
mangas no trabalho do dia a dia e também mergulhou em um intensivo diário para
se inteirar das coisas que cercam o Flamengo.
Do
mantra repetido na chegada ("ganhar, ganhar, ganhar") à declaração
dada após a goleada por 6 a 1 contra o Goiás ("Flamengo é uma
religião"), o "Mister" vai adoçando a boca da arquibancada com
frases de efeito que encontram eco entre a torcida e vão criando uma conexão
rápida entre as duas partes.
Se o
Fla foi frequentemente criticado por uma certa passividade nos últimos anos,
Jesus deixou a sua digital logo em sua estreia no Maracanã: a de um time que
não irá aceitar tranquilamente uma derrota, característica historicamente
ligada ao DNA do clube.
Depois
do jogo de domingo, aumentou ainda mais o clima de euforia ao falar que a
vitória poderia ter sido de "sete ou oito". Com o time em cima dos
goianos do do início ao fim, estabeleceu-se um ambiente que pode ajudar a
decidir jogos para o Rubro-negro no ano.
"Foi
meu primeiro jogo no Maracanã, era importante que a equipe jogasse dentro
daquilo que estamos trabalhando, das ideias que queremos implantar, com
intensidade alta. Conseguimos", disse Jesus, que liderou um movimento para
que o grupo saudasse os torcedores depois do triunfo.
A
busca para entender o quanto antes o seu novo território tem sido diária e passa
por conversas com funcionários do departamento de futebol e integrantes da
cúpula rubro-negra. Entre um treino e outro, o português procura se munir de
elementos do cotidiano do clube. Questionou, por exemplo, a razão pela qual o
ídolo Júnior tem um busto no centro de treinamento. Ao ser respondido que o
ex-lateral é o jogador que mais vezes vestiu na camisa do clube, engatou uma
conversa sobre o tema e também acerca do comportamento do torcedor. No
jogo-treino contra o Madureira, trocou ideias com Júlio César e Juan, ambas
crias da Gávea.
Em
pouco tempo de casa, o treinador já percebeu que tem um capital alto e pode
jogar com isso a seu favor. Internamente, está claro que ele não vai tolerar
jogador que não se entregue e cumpra à risca o plano estabelecido. No último
domingo, deixou Cuéllar no banco e pouco se importou com uma eventual rejeição
da torcida a Willian Arão, jogador que ganhou pontos valiosos neste início de
trabalho.
Contra
o Athletico, iniciou o duelo em Curitiba com Diego e Everton Ribeiro a seu lado
no banco de reservas. Nesta versão mais europeia do Fla, a ordem é que o
jogador entregue tudo sempre que acionado.
"Tenho
28 anos no futebol. Esse é o grupo mais profissional com que trabalhei, gosta
de aprender, são muito ligados uns aos outros. Na Europa acham que os atletas
brasileiros não gostam de trabalhar. Não encontrei isso", elogiou.
O
elenco rubro-negro tem um último dia de treinos antes da partida decisiva contra
o Athletico, às 21h30, no Maracanã. Com nova promessa de casa cheia, Jesus
espera deixar o estádio com a vaga nas semi e o coração rubro-negro
conquistados.
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