LANCE:
Com passagens curtas por Palmeiras e Flamengo, Ricardo Gareca e Reinaldo Rueda,
respectivamente, podem se consagrar como técnicos no Brasil. Agora, com
seleções. A frente de Peru e Chile, respectivamente, os treinadores duelam numa
das semifinais da Copa América, na quarta-feira, às 21h30, na Arena do Grêmio,
em Porto Alegre. Ou seja, um dos dois disputará o título na grande final da
competição, no próximo domingo, no Maracanã, contra Brasil ou Argentina.
Apesar
de ambos terem ficado pouco tempo nos clubes em que trabalharam no Brasil, suas
trajetórias tiveram brilhos diferentes. Pelo Palmeiras, em 2014, Gareca não
engrenou e, após uma sequência de resultados ruins, foi demitido com menos de
três meses de trabalho. Rueda, em 2017, pelo Flamengo, ficou pouco mais de
quatro meses no cargo. Mas foi vice-campeão da Copa do Brasil e da
Sul-Americana. E ficou marcado por ter dado mais oportunidades a Vinicius
Júnior e ter transformado Lucas Paquetá em um jogador ainda mais importante
para o Flamengo.
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Foto: Divulgação |
O
técnico argentino chegou a seleção do Peru em março de 2015. Desde então, fez
história. Levou o Peru à Copa do Mundo de 2018, na Rússia, o que não acontecia
há 36 anos, e a duas semifinais de Copa América (2015 e 2019). Agora, tem a
chance de ir até a final da competição e, mais do que nunca, marcar o seu nome
na história da seleção peruana.
Com
status de campeão da Libertadores do ano anterior pelo Atlético Nacional (COL),
Rueda chegou ao Flamengo em agosto de 2017. Substituindo Zé Ricardo, ele pegou
o Rubro-Negro na semifinal da Copa do Brasil e levou até a decisão, que perdeu
para o Cruzeiro, nos pênaltis. Também levou o clube à decisão da Copa
Sul-Americana, mas ficou novamente com o vice. Dessa vez, para o Independiente
(ARG), no Maracanã. No Brasileiro, terminou na sexta colocação.
Após
um imbróglio que se arrastou entre dezembro e janeiro de 2018, Rueda resolveu
aceitar o convite da seleção chilena e deixou o Flamengo no começo daquela
temporada. No total, ele dirigiu o Rubro-Negro em 31 partidas, com 13 vitórias,
10 empates e oito derrotas (52,6% de aproveitamento).
Rueda
assumiu o Chile assim que saiu do Flamengo e teve desempenho irregular até a
Copa América, com a imprensa chilena, inclusive, cogitando a sua demissão se a
seleção não tivesse um bom desempenho na competição, devido aos maus resultados
em amistosos durante o ano de 2018 e no começo de 2019. Entre esses placares
não favoráveis, está uma derrota por 3 a 0 para o próprio Peru, em outubro do
ano passado. Mas o técnico deu a volta por cima na competição, fez uma boa
primeira fase e, agora, pode levar o Chile a terceira final seguida de Copa
América.
Veja
as opiniões dos setoristas de Flamengo e Palmeiras sobre as passagens dos
técnicos no Brasil:
Lazlo Dalfovo, setorista do Flamengo no
LANCE!:
Reinaldo
Rueda chegou em meio a um furacão no Flamengo. Pedido pelos rubro-negros nas
redes sociais, e isso muito pela conquista da Libertadores pelo Atlético
Nacional-COL, o colombiano sequer conhecia todo o elenco quando teve que
decidir a vaga na final da Copa do Brasil contra o Botafogo, no Maracanã, no
jogo marcado pelo belo drible do Berrío , após nove dias de sua chegada ao
clube.
No
Flamengo, Rueda tinha a responsabilidade de afinar rapidamente uma equipe bem
armada por Zé Ricardo, mas que havia fracassado na Libertadores. E os
obstáculos foram consideráveis: não pôde contar com Paolo Guerrero em boa parte
de sua trajetória, teve que conviver com o auge da má fase de Muralha e acender
um elenco apático.
Perdeu
a final da Copa do Brasil e da Sul-Americana e se classificou à Libertadores do
ano seguinte com sufoco. A sua equipe era mais vertical em relação à do Zé e,
diante do possível, tornou-se competitiva, e só não foi campeã em mata-matas
por meros detalhes. Ao longo de 31 jogos, seus grandes méritos foram o espaço
dado a Lucas Paquetá e a efetivação de Cuéllar no time titular. Saiu de forma
controversa no início de 2018, quando a torcida tinha esperança de que o bom
trabalho poderia ser lapidado com a pré-temporada.
William Correia, setorista do Palmeiras no
LANCE!:
O
último trabalho de Ricardo Gareca antes de assumir a seleção peruana foi um
desastre. O argentino foi contratado pelo Palmeiras para ser a salvação no ano
do centenário do clube - era o técnico do time na data do aniversário, em 26 de
agosto. Chegou com total confiança da diretoria, que deixou de economizar como
fazia com Gilson Kleina, seu antecessor, e trouxe quatro compatriotas do
treinador: o zagueiro Tobio, o meia Allione e os atacantes Mouche e Cristaldo
(único com vida mais longa no clube).
Gareca
foi anunciado em 21 de maio e teve atendido, inclusive, o pedido para assumir o
time só depois da Copa do Mundo. Passou um mês vindo ao Brasil só para ver os
jogos do time, em aeronave particular do então presidente Paulo Nobre, sem
sequer se apresentar ao elenco. Ficou outro mês apenas treinando. E outro mês praticamente
só perdendo: 13 jogos, quatro vitórias, um empate e oito derrotas.
O
técnico levou um time que chegou a ocupar o G4 enquanto ele era apenas
espectador, com Alberto Valentim no comando interino, à zona de rebaixamento do
Campeonato Brasileiro. É fato que o elenco não era bom, tanto que se safou da
queda só na última rodada. Mas, em sua última semana, Gareca sequer comandava
treinos - desde o início da passagem, acostumou-se a ir para Buenos Aires
sempre no dia seguinte às partidas, mesmo com jogo no meio da semana. Uma
completa decepção.
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