O
GLOBO: Por Márvio dos Anjos
O
segundo gol do Flamengo no Mané Garrincha foi uma síntese do que sobrou ao
Flamengo e faltou a Vasco.
Bruno
Henrique aciona Cuéllar, que dá um passe por elevação com lado externo do pé,
envolvendo toda a defesa. Cuéllar não é exatamente conhecido por isso, mas há
confiança, há entusiasmo, e o jogador arrisca. Mesmo acossado, o atacante do
Flamengo, recém-convocado por Tite, prossegue, embora a jogada seja confusa.
Até que o vascaíno Richard acerta a bola, mas o chute se desvia em Bruno e
encobre o goleiro Fernando Miguel. O gol foi atribuído a Gabigol pelo árbitro
Leandro Vuaden, numa prova de que o VAR está aí para confundir mesmo – se é que
foi acionado para isso.
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Foto: Divulgação |
Mas há
limites. Taticamente o Vasco estava aplicado, e aqui também se vê, a cada
rodada, um trabalho que reabilita o grande técnico que Luxemburgo é. O problema
é que não são poucas as vezes em que os gols são definidos por um algo a mais.
Se o
Vasco criava circunstâncias de perigo, é verdade que não tinha boa definição.
Faltou pontaria a Yago Pikachu do lado direito, quando superou um ainda lento
Filipe Luís e acertou o travessão de Diego Alves. Faltaria ainda mais capricho
nos dois pênaltis, um cobrado por Pikachu e outro por Bruno César – um pacote
de desperdícios imperdoável para um elenco que tem de brigar tanto a cada ponto
que conquista. Nesta noite, por todo o perigo que o Vasco criou, o Flamengo
redescobriu um goleiro.
Diego
Alves não vinha mostrando muitos motivos para ser exaltado nos jogos recentes.
Parecia hesitante, peladeiro, sem confiança. No Mané Garrincha, porém, deu um recital nas balizas, e não apenas nos
pênaltis que pegou. Exibiu enorme reflexo ao longo do jogo, tanto em lances
cara a cara quanto em outros em que simplesmente não deu rebotes.
O
Flamengo conseguiu mais uma goleada no Brasileiro, o que impõe respeito para o
próximo mata-mata que disputará pela Libertadores, contra o Internacional nesta
quarta. Obteve isso justamente por ter voltado ao segundo tempo determinado a
matar a partida, no melhor estilo Jorge Jesus, antes que o Vasco se
recompusesse. Bruno Henrique prova que gosta dos grandes clássicos e está on fire
depois da convocação de Tite. Com a assistência para o primeiro gol de
Bruno Henrique e o pênalti cobrado,
Arrascaeta vai consolidando uma sequência de grandes partidas de que também
precisava. E Gabigol está marcando gols até quando não marca.
A
dificuldade continua sendo a defesa. Se a paga por tamanha ofensividade for a
concessão de um gol por jogo, seja pela dificuldade de adaptar a marcação alta,
seja pela iminente saída de Cuéllar, seja pela evidente falta de ritmo de
Filipe Luís, a torcida saberá em breve. A compensação é que há muito tempo no
Brasileirão não se via um Flamengo tão predador, tão faminto por gols, tão
determinado a fazer o adversário se curvar às suas vontades. Adaptar esse
apetite ao jogo de xadrez que se disputa nos mata-matas é algo que precisa ser
feito urgentemente.
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