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DO MAURO CEZAR PAREIRA: O título desse post é de difícil compreensão para quem
não acompanha futebol e até para os que seguem o esporte atentamente. A própria
geografia acusa isso. Mas a reflexão é válida.
O
torneio Mundial da Fifa tem um forte viés político. Trata-se de um certame que
funciona como uma Copa das Confederações de clubes, mas sem desafio técnico que
seduza os europeus.
Não
por acaso a entidade vai mudar tudo em 2021. Óbvio que ela deseja ter o
controle de uma competição de clubes que rivalize minimamente com a Uefa
Champions League. É muita coisa envolvida.
Os
representantes europeus não dão ao Mundial um décimo da importância destinada à
Liga dos Campeões. Falta desafio técnico, tradição, interesse do torcedor, na
comparação com o torneio da Uefa.
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Diego Alves campeão da Libertadores pelo Flamengo - Foto: Divulgação |
O
Liverpool, campeão da Champions Legue, faturou €645 milhões na sua mais recente
temporada. Já o Flamengo cravou €129 milhões em 2018. Segundo o especialista em
finanças de futebol César Grafietti, deve chegar a €225 milhões em 2019, pouco
mais de um terço do movimentado pelos Reds.
O site
Transfermarket calcula o valor de mercado do elenco rubro-negro em €125,35
milhões e o dos Reds em €1,07 bilhão. O site avalia só Van Dijk em €100
milhões, Mané em €120 milhões e Salah em €150 milhões!
Maior
venda do clube inglês, Philippe Coutinho custou ao Barcelona €130 milhões e
iria até €163 milhões se ele atingisse metas. O recorde do campeão brasileiro é
Vinícius Júnior, que custou €45 milhões ao Real Madrid.
Essa
disparidade econômica não gerava a diferença técnica atual em 1981, quando o
Flamengo derrotou o Liverpool no Japão, pois o mercado europeu não estava
aberto como hoje. Além disso não havia a atual regulamentação baseada na
Comunidade Econômica Europeia.
Por
isso o Flamengo tinha Zico e outros grandes jogadores que, hoje, sairiam mais
cedo do Brasil. Atualmente, derrotar o campeão europeu é a chamada "missão
quase impossível" para clubes da América do Sul.
Isso
não significa que os times sul-americanos devam desistir da competição. Ela
acena com a sedutora oportunidade de enfrentar o campeão da Europa. O problema
acontece quando a supervalorizam, a ponto de diminuírem o peso da conquista de
uma Copa Libertadores.
Jogar
o Mundial de Clubes sem tratar como se fosse maior do que a competição do nosso
continente é a chave. Agir da mesma maneira que os europeus, especialmente
ingleses, que não dão muita importância ao evento. Altivez, sem ser refém de
Eurocentrismo.
E na
bola, vai lá e vê o que é possível fazer. Se acontece o improvável, um título
de time sul-americano, vale como belo bônus após a conquista da maior glória, a
Copa Libertadores da América.
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