GILMAR FERREIRA: Jorge Jesus e João de Deus, por certo, estão satisfeitos com a atuação dos “miúdos” rubro-negros no 1 a 0 sobre o Vasco na quarta-feira (22).
Os dois estavam no Maracanã e viram de perto que o Flamengo de Maurício Souza não fugiu das características de jogo projetada há seis meses.
E essa busca da identidade única para os times que vestem a camisa do clube é um legado tão importante quanto as conquistas nas divisões de base.
Os valores individuais que estão emergindo da base têm boa estatura física e técnica apurada, alguns muito habilidosos e outros com ótima leitura tática.
São, porém, a acima de tudo, jovens vitoriosos.
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Time sub-23 do Flamengo – Foto: Marcelo Cortes |
Porque como se não bastassem os títulos nas categorias inferiores, os onze titulares escalados estão invictos no time principal, em jogos do Estadual.
Sete deles já foram experimentados em outras edições da competição.
E chama a atenção a aplicação deles a um modelo que privilegia o conjunto, com a aproximação dos setores.
A começar pela defesa em linha alta, com a presença de mais de um jogador posicionado para receber a bola na linha de passe.
É evidente que ainda precisam passar pela hipotética “sala de aconselhamento” do JJ para receber a orientação (sic) que já vimos ser passada a Reinier.
Mas Rafael Santos, Hugo Moura, Ramon, Vinícius, Lucas Silva e, sobretudo, Yuri César estão prontos para serem aproveitados no já robusto elenco principal.
E torna o Flamengo um clube muito mais forte do que se possa imaginar.
A estratégia de usar as primeiras rodadas do Estadual como plataforma de transição é adotada pelo Athletico há alguns anos.
E está sendo explorada também por outros grandes clubes neste início de temporada.
E o próprio Flamengo, aliás, já havia feito isso nos três primeiros jogos da Taça Guanabara de 2018, com Paulo César Carpegiani.
E venceu todos eles usando, pasmem vocês, alguns desses meninos, quando tinham ainda entre 16 e 17 anos.
A diferença é que desta vez o clube trocou a participação na Copa São Paulo por preparação voltada à disputa do Estadual, planejamento feito em dezembro.
A atuação no clássico contra um Vasco mesclado de jovens do sub 20 e reservas pouco utilizados não chegou a ser irrepreensível.
Ao contrário: o time que Abel Braga levou a campo dominou os primeiros 20 minutos e teve chances de abrir vantagem no placar.
Depois disso, Maurício Souza acertou o posicionamento entre meio e defesa, e equilibrou o jogo.
O gol de Lucas Silva, nas costas do lateral Alexandre, mudou a partida e valeu os três pontos para quem mostrou melhor entrosamento.