ANDRÉ ROCHA: Apesar do título da Copa América em casa, a seleção brasileira terminou 2019 em baixa. Uma forte impressão de estagnação no trabalho de Tite, com viés de queda no final do ano. Em desempenho e resultados.
Não exatamente uma preocupação a curto prazo, já que o compromisso real é garantir a vaga para Catar-2022. E as últimas eliminatórias, além do torneio continental, sinalizam uma superioridade brasileira. Talvez ameaçada pela ascensão da Argentina, que venceu a equipe de Tite em novembro, gol de Messi.
Mas a apreensão é justamente porque o Brasil não consegue dar a liga que encontrou logo no início do trabalho do treinador em 2016. A mudança para um estilo de jogo mais posicional engessou o time em vários momentos. O revés para a Bélgica na Copa do Mundo na Rússia teve forte impacto na confiança. Tudo parecia meio turvo.
Agora o cenário começa a clarear, mesmo sem jogos da seleção. Porque Tite vem recebendo boas notícias nos últimos tempos.
A começar por Neymar, voltando a ter sequência de jogos e brilhar no Paris Saint-Germain. Ainda que como meia no clube e com Tite precise ser o atacante decisivo e goleador. A fome de gols, porém, segue a mesma. Já são 13, mais sete assistências em 16 partidas. Se não sofrer de novo com lesões pode voltar a ser o fator de desequilíbrio.
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Thiago Maia em treino no Flamengo – Foto: Marcelo Cortes |
Os seis meses mágicos do Flamengo de Jorge Jesus também podem oferecer opções à seleção. Um futebol de alto nível, com grandes destaques e a possibilidade de evolução coletiva com a continuidade do trabalho, mais as contratações para encorpar o elenco. Rodrigo Caio, Gerson, Bruno Henrique, Gabriel Barbosa. Quem sabe Thiago Maia e Pedro? Ou até dar as últimas oportunidades a Rafinha e Filipe Luís…
Embora esteja surgindo uma solução para a lateral direita da seleção: Emerson, do Real Betis, emprestado pelo Barcelona. 21 anos, quatro gols e três assistências na liga espanhola. Com Daniel Alves mais próximo do fim da carreira e jogando no meio-campo e Danilo sem afirmação com a camisa verde e amarela, Emerson pode se tornar uma opção muito em breve. Poderia, inclusive, estar na seleção que disputa o Pré-Olímpico na Colômbia.
A seleção sub-23 comandada por André Jardine é a última boa notícia. Ou a primeira de 2020. Mesmo com alguns problemas coletivos, especialmente na transição defensiva, é muita qualidade reunida. Especialmente no meio-campo. A dupla Bruno Guimarães-Matheus Henrique é um luxo na construção para o quarteto ofensivo que conta com Pedrinho e Antony. Ainda Pepê, do Grêmio, e Reinier, joia criada no Flamengo e a caminho do Real Madrid.
Talento não falta espalhado pelo mundo. A missão é casar as características dentro de uma “espinha dorsal” que conta com Alisson, Marquinhos, Casemiro e Firmino. Todos brilhando na Europa. Ainda a afirmação de Renan Lodi na lateral esquerda. Uma equação para Tite começar a resolver a partir da estreia contra Bolívia e Peru em março.