SPORTV: Indignado com o retorno do Campeonato Carioca e com a posição da Federação de marcar o jogo do Botafogo para a próxima segunda-feira, Carlos Augusto Montenegro, membro do Comitê Executivo de Futebol do clube, abusou da ironia para criticar a decisão pela retomada das partidas.
Em entrevista ao programa “Troca de Passes”, do SporTV, na noite desta quarta-feira, Montenegro mostrou estupefação ao comentar a realização de Bangu x Flamengo nesta quinta, no Maracanã, onde ao lado há um hospital de campanha em funcionamento para tratamento de pacientes da Covid-19.
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Foto: Divulgação |
Montenegro diz que estádio do Botafogo estará fechado para jogo de segunda: ‘Podemos até chamar a Cabofriense para treinar com a gente’
– É uma falta de respeito às pessoas que estão enterrando mortos. Ontem foram 1.300 mortos, hoje 1.200. Vamos fazer um jogo amanhã do lado de um hospital de campanha com 60 doentes de coronavírus. Cada gol do Gabigol amanhã, com zero público, pode significar uma morte do lado. O que as pessoas ganham com isso? Aonde elas querem chegar? Ah, mas há clubes treinando desde o dia 20 de maio. Parabéns, terão um mês na frente da gente, foram corajosos. Sabe por que o Botafogo não treinou? Por medo, respeito às autoridades sanitárias, respeito à OMS, respeito aos mortos. Os treinos estavam autorizados, mas não são obrigatórios. Não sou obrigado a expor meus funcionários, comissão, jogadores. Tenho vergonha na cara, quero dormir bem – desabafou o dirigente.
Em mais uma de suas ironias, Montenegro afirmou que o Botafogo cogita disputar na próxima temporada o Campeonato Paulista – por lá, os jogos devem ser retomados apenas em agosto, após o Governador do estado, João Dória, permitir os treinos apenas a partir do dia 1º de julho:
– Senti ontem que a Federação não quer o Botafogo e o Fluminense. Talvez a gente tenha que fazer um pedido à Federação Paulista para disputar o Estadual de São Paulo no próximo ano. Os paulistas estão com a cabeça no lugar. É uma coisa que nunca ninguém viu: 100 dias sem jogo, todos os países do mundo respeitaram uma doença traiçoeira, ninguém falou em treino, em jogo, e se fala aqui em protocolos. Se fala aqui em terminar logo o campeonato para ajudar os clubes menores. Como se só aqui houvesse clubes menores, e não em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco…