O GOL: O técnico do Botafogo, Paulo Autuori, chegou a deixar o comando do clube nos últimos dias. Em entrevista ao jornal O Globo, o comandante alvinegro não poupou críticas à Federação Carioca e disse que acabou por ser convencido a seguir no clube pelo presidente Nelson Mufarrej.
“Eu pedi pra sair. Ontem (quarta-feira) é que decidi que não ia mais, porque me convenceram que podia prejudicar o Botafogo. O que ele falou foi a verdade. Apenas senti o quão difícil poderia ser para eles e eu tive que me sacrificar para não prejudicar. Mas meu objetivo era não dar continuidade. Dizer: não quero participar disso. Isso é uma bandalheira que está acontecendo. A federação chamou os clubes pra tomar decisão deixando Botafogo e Fluminense de lado, convocando reunião na calada da noite, às escondidas. Eu acho que esse campeonato é carta marcada. O que te leva a marcar jogo às 11h da manhã com os times voltando de 90 dias (parados)? Eu quero colocar essa questão”, declarou Autuori.
![]() |
Foto: Divulgação |
Para o técnico do Botafogo, a Ferj atuaria apenas com interesses próprios, colocando até a saúde dos atletas em segundo plano. Segundo Autuori, a entidade não possui plano algum e seria uma ‘grande mamata’.
“Você vê… o Bandeira (ex-presidente do Flamengo) estava brigado com a federação. Aí eles criavam problema com a administração do Bandeira. Saiu, entrou o Landim. E o Landim está babando o ovo dele… Então eles só têm como objetivo o interesse deles próprios. A outra coisa é o seguinte: jogadores são descartáveis. Não há a mínima preocupação de salvar a integridade dos jogadores quando você define uma volta completamente fora de propósito, onde todo o Brasil tem os mesmos problemas. O que eu acho é que é uma grande mamata ali. Um feudo. Não vejo absolutamente nada em termos de ideias. Enquanto a federação paulista tem ideias e tenta coisas novas”, sublinhou o treinador de 63 anos.
Opinião dos jogadores
Autuori ainda falou sobre a falta de posicionamento dos atletas em situações como o apressado retorno no futebol do Rio de Janeiro. De acordo com o técnico, os jogadores são ameaçados e sentem medo de tomar à frente em certos momentos.
“Muitos deles são ameaçados e ficam receosos de falar qualquer coisa, essa é a realidade. Por isso aqueles que têm maior peso deveriam tomar frente, porque os atletas não sabem a força que têm. Por parte de alguns membros da federação do Rio, houve uma enorme falta de respeito com comentários sobre os clubes; o Botafogo é um clube histórico, como seus coirmãos também são. Tem que respeitar! É muito baixo nível”, opinou o técnico.
Mesmo sem concordar, o Botafogo volta a campo no próximo domingo (28), às 11h da manhã, contra a Cabofriense. Autuori reconheceu que o clube precisa se reestruturar e disse “não vender ilusões”, citando a frustrada tentativa de contratação de jogadores como Yaya Touré e Robben.
“Isso aí, eu nem comento. Eu não vendo ilusão. Todo mundo sabe que o Botafogo está num período de transição. É de conhecimento público que não poderíamos mais continuar na maneira e na situação que estávamos. O modelo aprovado pelo Conselho do clube de terceirização do futebol é algo totalmente plausível, feito para reerguer o Botafogo. A gestão do clube pode mudar no meio da temporada e a gente tem a obrigação de pavimentar a estrada para quando entre o novo modelo, para que as coisas estejam caminhada. Temos que ser pragmáticos. O futebol permite tudo, quem achava que o Botafogo seria campeão em 1995?”, finalizou o técnico do Botafogo.