GILMAR FERREIRA: A permanência do português Jorge Jesus no Flamengo por mais uma temporada é ótima notícia para o futebol brasileiro.
Que todos, absolutamente todos, aproveitem ao máximo o convívio com um treinador que valoriza a arte do jogo.
E que ele, o carismático JJ, saiba desfrutar a merecida idolatria.
Porque depois de um ano fantástico, com 38 vitórias em 51 jogos e quatro troféus conquistados, todos de âmbito nacional e continental, não há mais suspeitas.
Melhor: não há quem veja uma partida do futebol brasileiro com o olhar de antes.
O jeito de jogar do time do Flamengo nos deu parâmetros para exigir mais dos outros técnicos e alterou nossa tolerância.
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Foto: Divulgação |
E aqui não vai nenhuma intenção de desmerecer qualquer outro técnico em atividade no país.
Não se trata de régua capaz de medir a eficiência de um ou de outro, quem vence mais e quem perde menos.
Ainda não é nem isso.
Falo da estética do jogo, dos mecanismos de ataque e de defesa e da forma como encara o papel do seu time num embate.
Até porque, após três décadas e meia de jornalismo esportivo, sinto-me confortável para dizer que não se fulaniza o trabalho na formação de times competitivos.
O estilo e o modelo hoje empregados pelo Flamengo têm a assinatura de Jorge Jesus, mas os resultados em campo são de responsabilidade coletiva.
Algo que começa lá no gerenciamento das rotinas e termina no garoto que sobe das categorias de base e faz o gol da vitória numa partida difícil.
Por isso é preciso ter cuidado para não misturar as frequências.
O fato de o treinador português ter conseguido o que conseguiu, nos ofertando um futebol mais bonito e prazeroso, não o torna imune às críticas.
Jorge Jesus também erra, se equivoca, toma decisões discutíveis e às vezes até complica o que nos parece possível.
Existe por trás dele (estruturas física e financeira, matéria-prima, camisa e torcida) um todo que potencializa o que vemos e o que percebemos.
E há que se estar atento a isto.
A pergunta que os torcedores mais me faziam era sobre quanto o Flamengo perderia se a diretoria não renovasse o contrato do técnico que fez do time rubro-negro uma máquina de moer adversários.
Confesso que nunca soube como responder.
Mas achava que ela (a resposta) seria a chave para o acerto de contas entre clube e treinador.