
ESPN: Rogério Ceni tem vivido nas últimas semanas o momento mais turbulento como técnico do Flamengo, com pressão de torcedores e analistas por conta dos resultados e até pedidos de demissão de fãs mais exaltados. Mas entre os jogadores a relação de confiança parece estar totalmente preservada. Segundo Filipe Luís, o treinador tem uma forma mais especial para lidar com o elenco.
“Mais do que paizão, é um amigão da gente. O Rogério é o que mais parecido joga com o [Jorge] Jesus. O 4-4-2, com algumas ideias diferentes. Sob esse aspecto do cara que vive o futebol 24 horas por dia, Rogério é igual ao Simeone. Ele está começando, tem quatro ou cinco anos, mas já está mais cascudo do que quando estava no São Paulo: entende mais o jogo, soluciona problemas. Na Libertadores, fomos eliminados [nos pênaltis para o Racing, da Argentina, no Maracanã], mas com um a menos empatamos o jogo pelas trocas dele. Com o passar dos anos, ele tem potencial para chegar à seleção”, disse o lateral-esquerdo para “O Globo”.
A entrevista foi concedida por Filipe Luís antes da virada do ano, quando o Flamengo vinha de três vitórias (Botafogo, Santos e Bahia) e um empate (Fortaleza). A fase podia não ser excelente, mas colocava o time firme na briga pelo título do Campeonato Brasileiro.
Mas a virada de 2020 para 2021 não foi boa para o clube da Gávea nem para Rogério Ceni. A equipe perdeu para o Fluminense e para o Ceará. Da segunda colocação, caiu para o quarto lugar, embora continue a sete pontos do São Paulo, líder com 56.
O time rubro-negro vai encarar o Goiás na próxima segunda-feira (18), em Goiânia, lutando para vencer e colocar um ponto final na crise, que gerou até protestos da torcida no Ninho do Urubu nos últimos dias.
Se a situação é tensa para Ceni, de quem Filipe Luís demonstrou ser um defensor e admirador, ela foi ainda mais complicada para o espanhol Doménec Torrent. Ele foi o profissional escolhido para substituir Jorge Jesus, mas durou três meses no cargo.
Para o lateral, isso ocorreu porque era muito difícil naquele momento um treinador conseguir ocupar o lugar de Jesus, treinador que se despediu com cinco títulos (entre os quais a Libertadores e o Brasileiro) e apenas cinco derrotas.
Vale lembrar que Doménec viveu um período difícil no Flamengo, com lesões, jogadores afastados por COVID-19, além de uma irregularidade nos resultados e muita pressão de torcedores, diretores e analistas.
“Ele fala muito do Messi, tem muito vivo o Guardiola dentro dele. Falar que deu errado, que não sabe nada… Não! O Dome sabe muito de bola. Ele veio na hora errada, não tenho dúvida. Qualquer um que viesse depois do Jesus seria na hora errada, mas tem muitas coisas boas”, disse.
“A única coisa de que senti falta era de definir um sistema de que ele gostava e dizer para nós: vamos jogar assim, do jeito que eu quero. Ele gostava de jogar num 3-4-3 ou 4-3-3 e não tinha pontas no estilo Douglas Costa, Coman… Então, talvez ele não tenha podido fazer o sistema que queria pela característica dos jogadores. Mas se tivesse feito assim, falado que a gente ia jogar no 4-3-3 e ele iria ensinar para a gente o sistema, talvez tivesse dado certo”, acrescentou.
“Mas ele tinha uma saída de jogo excelente, estudo e pressão no adversário excelentes, ele é muito bom. Mas veio na hora errada. Pegou lesões, COVID… Mas aprendi muito com ele”, completou Filipe Luís.