
DONA DO CAMPINHO: Por Cíntia Barlem
O Flamengo estreia neste domingo na Supercopa do Brasil feminina de futebol renovado e com uma nova proposta: ser um time de “outro patamar”. No compromisso diante da Esmac, do Pará, às 10h30 (de Brasília) – com transmissão de SporTV e TV Globo -, novos nomes estarão em campo e o objetivo é alto como diz Vitor Zanelli, vice-presidente de Futebol de Base, Futebol Feminino e futsal do clube. O clube quer entrar de vez no futebol feminino para “conquistar tudo. Na missão, estão recém-contratadas como Duda, a nova camisa 10, Maria Alves, Gisseli, entre outros nomes, além de Darlene, que chegou em maio de 2021 na virada de chave para a construção do novo projeto.
– Um tempo atrás a gente montou esse projeto, estruturando a casa do Flamengo, buscando os parceiros, fazendo um negócio sólido. Não adianta você chegar “entro hoje, amanhã eu saio”. Não, não. A gente está entrando para ficar. A gente está chegando para conquistar como são todos os esportes, modalidades que o Flamengo disputa. Entrar para ganhar tudo. Em 2021, digo que foram as primeiras mudanças, foi o ano onde nós realizamos os principais detalhes, os primeiros passos para as mudanças que a gente está fazendo agora esse ano. Agora já vamos buscar mais resultados. A gente tem a chance de buscar mais resultados mantendo aquilo que a gente está fazendo, mas ainda não é o final ainda do projeto. A gente não chegou no auge do que a gente quer de estrutura, de equipe, de departamento, o que a gente quer de produto.
– Falando assim de produto. Por que a gente investe no futebol feminino? Porque a gente acredita que a modalidade merece todo espaço, a gente acredita que o Flamengo pode conquistar títulos com isso, mas a gente sabe que todo o mercado tem que andar junto. A gente quer o crescimento do futebol feminino e a gente fala isso na CBF para transformar. Vai ser bom para todo mundo toda vez que a gente conseguir valorizar isso o futebol feminino em si como produto melhor. Sem a gente ter formas de receitas a gente não consegue crescer o produto. Ah vai fazer investimento. Mas eu preciso que alguém acredite, que acompanhe comigo porque ele sabe que vai aparecer e lucrar com isso e é isso que a gente está conseguindo hoje. A gente acredita que pelo meio do ano nós já vamos ter uma equipe que a gente vai conseguir fazer boa parte da nossa área comercial poder captar mais ainda parceiros. O que a gente está fazendo é transformar isso em um excelente produto. Nosso time vai ser time para outro patamar – afirmou Zanelli. E foi enfático:
– Você já viu o Flamengo ter alguma meta diferente do que ganhar tudo? O que a gente tem são as etapas, os passos. É sempre um jogo de cada vez, uma etapa de cada vez, preparação, estrutura, logística. Tudo isso, mas nossa meta é essa. Ganhar tudo. Como sempre diz nosso presidente Rodolfo Landim. Nós vamos ganhar tudo.
O dirigente ainda explicou a escolha por um técnico estrangeiro. Luis Andrade foi anunciado no começo de dezembro de 2021. O português foi coordenador técnico do Benfica e depois assumiu como treinador nas temporadas 19/20 e 20/21. No comando das Encarnadas, foi campeão da Taça da Liga e da Supertaça e teve Darlene entre suas atletas.
– A gente tem que fazer coisas diferentes, fora da caixinha e não podemos ficar fechados. Temos excelentes técnicos no Brasil, excelentes profissionais, muitos no Brasil inteiro. Mas a gente precisava fazer algo diferente e trazer uma cultura diferente. A gente precisava desse choque e foi mais uma etapa dentro do projeto que é mudar toda nossa forma de pensar. Trazer um mentalidade diferente naquilo que a gente já tem aqui, mexer com o mercado. Nós agora vamos jogar o primeiro jogo da Supercopa e eu estou achando bem interessante porque ninguém conhece a gente. Ninguém sabe o que vai acontecer, ninguém sabe como vai ser esse primeiro jogo. Muita gente pedindo para fazer amistoso. Não… vamos esperar lá. Assiste lá na abertura da Supercopa – afirmou Zanelli.
Sobre a Marinha, Zanelli ressalta que o Flamengo seguirá usando a estrutura da parceira, mas que os novos e mais altos contratos foram feitos com investimento direto do clube.
– A Marinha é uma excelente parceira. Nos dá estrutura, campos maravilhosos para treinar e atletas também que são da Marinha. O que nós fizemos nessa reconstrução foi investir mais e contratar atletas para montar um time top a nível mundial. Esse que é o nosso objetivo. A mudança do cenário do mercado. A Marinha foi campeã brasileira com o Flamengo. Aliás o contrário. O Flamengo foi campeão brasileiro com a ajuda da Marinha que nos ajudou a conquistar esse título. A gente também tem que entender isso. Sempre quis estar com a gente e a gente vai continuar junto para ganhar tudo. A gente trabalha em conjunto. O Flamengo está investindo uma parte, a Marinha tem outros investimentos. A gente se ajuda mutuamente para poder chegar a esse nosso objetivo a conquista de títulos.
O vice-presidente rubro-negro também comentou sobre os locais que o Flamengo mandaria os jogos do feminino. Neste primeiro compromisso, foi escolhido o estádio Luso Brasileiro, na Ilha do Governador, que pertence à Portuguesa-RJ. Ele ressalta que outras estruturas não serão deixadas de lado como o CEFAN ou até mesmo jogos na Gávea.
– No CEFAN nós jogamos jogos da base, jogos de várias categorias da base, jogamos jogos do sub-20, sub-17 e estou falando do masculino e jogamos jogos do feminino também. Estadual a gente tem jogado lá também. Nós treinamos no CEFAN porque temos lá dois campos de excelente qualidade, a estrutura é um legado da Copa do Mundo. São de altíssimo nível, a estrutura toda é de altíssimo nível. Eu não tenho porque pensar diferente de outro lugar. A gente procura no Rio de Janeiro outro lugar que nos dê isso que me dê segurança, logística, toda parte de conforto, qualidade de campo, qualidade de treinamento. CEFAN é um dos melhores do Rio de Janeiro. A gente não pretende sair de lá. Esporádicamente a gente pode treinar também no Ninho, na Gávea, tudo pode acontecer. A gente está querendo fazer coisas diferentes. O que a nossa estrutura permitir nós vamos fazer. A gente não precisa quebrar tabus ou buscar alguma coisa diferente pra chegar ao nosso objetivo. Nosso objetivo é ganhar e precisamos de bons locais de treino. Não importa onde, mas que seja bom. O CEFAN é excelente – disse.
O primeiro desafio para todo esse novo projeto começa já neste domingo. Caso avance às semifinais da disputa, o rubro-negro irá enfrentar o Grêmio, que eliminou o Cruzeiro com uma vitória por 2 a 0, na sexta, no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo.
Veja outras respostas de Vitor Zanelli:
CATEGORIA DE BASE FORTE
– Jogamos três campeonatos nacionais de base, já tivemos atletas nossas convocadas para a seleção brasileira. Primeiro campeonato que participamos tivemos duas convocadas. Nós estamos atentos ao mercado, buscando inúmeras atletas. A gente segue o mesmo lema e o Flamengo é um só. Craque se faz em casa. A gente busca essas meninas no mercado também para complementar a formação delas. Nosso objetivo é formar atletas para o profissional. E a gente sabe que existe uma diferença de timing. Os homens começam a jogar entre 7/6 anos e as meninas entre 13/14 anos. Nosso trabalho é conseguir essa compensação e formar da melhor maneira possível essas atletas e estamos montando esse projeto. Hoje temos mais de 10 atletas na nossa base com passagem pela seleção sub-17, sub-20. No nosso profissional seis atletas com passagem pela seleção sub-20, mas a gente espera ter muito mais. Trabalhamos para que elas cresçam cada vez mais e que nossas atletas sub-20 passem pela seleção principal. Queremos ampliar e passar a ser uma das principais bases das nossas equipes para formação da seleção brasileira.
FUTEBOL FEMININO AUTOSSUSTENTÁVEL
– São etapas da evolução do produto. Acredito sim. Muitos dos investimentos hoje só começaram a acontecer, o futebol feminino só começou a acontecer no Brasil com a obrigatoriedade da CBF de que os times tinham que ter. Se não os times não tinham feito. Por que? porque é algo muito simples. Você chega para seu parceiro e fala “vem comigo”. Ele fala: “tá bom, mas vou ganhar o que com isso? Onde que eu vou aparecer?”. Coisa mais simples do marketing. Você não tinha esse retorno. Masculino a premiação é monstruosa, ingressos caríssimos, mas porque é um produto que se vende. A precificação é feita de acordo com a demanda que você sabe que tem. São etapas. O futebol feminino depois desse empurrão da CBF ele tem evoluído e está acontecendo no mundo todo. Está todo mundo enxergando isso. Essa nova fase jogos com picos de audiência no ano passado, recorde de público, é isso. Estamos conseguindo transformar em um bom produto. São etapas. Quando a gente vai encher um estádio e jogos com lotação máxima eu não sei quando, mas a tendência é acontecer. É uma evolução gradativa, normal desse produto que a gente está criando. E a gente quer que a Nação fique ciente que a gente quer ajudar e vai trabalhar para isso. Transformar isso em um grande produto principalmente para o Flamengo.
Dinheiro jogado no lixo.