
GILMAR FERREIRA: A atuação exuberante do Palmeiras, na Allianz Arena, na tarde de domingo (4), invertendo a vantagem de dois gols no placar de um mata-mata contra o São Paulo, valendo título estadual, segue a produzir reflexões sobre a postura do Flamengo sob a direção de Paulo Sousa.
E já aviso: não é uma defesa ao treinador português, ainda sem um currículo atraente, e pinçado de um trabalho mediano à frente da seleção polonesa para ser o responsável pela recuperação de um time em decadência técnica.
Não, nada disso – é mesmo um alerta.
Porque, como disse Abel Ferreira, após a goleada por 4 a 0, “quem faz o jogo são os jogadores, foram eles que viraram esta decisão depois de perder o primeiro jogo por 3 a 1”.
E o que se tem visto no Flamengo desde a saída de Jorge Jesus é a transferência de responsabilidade para os treinadores.
Foi assim com Domenèc Torrent, repetiu-se com Rogério Ceni, seguiu com Renato Gaúcho e hoje expõe Paulo Sousa.
As declarações do técnico do Palmeiras, aliás, vão de encontro ao discurso do também português Luís Castro, quando disse em sua chegada ao Botafogo que “quem compra (sic) a longevidade de um trabalho são os resultados”.
Portanto, antes de sentenciarem que o trabalho de Paulo Sousa não fará este time render o esperado é preciso ouvir o que têm a dizer o vice e o executivo de futebol que foram à Europa trazê-lo para o Flamengo.
Marcos Braz e Bruno Spindel precisam explicar e mostrar quais foram as credenciais que fizeram dele (Paulo Sousa) o mais indicado para a missão.
Porque até agora viu-se muitas ideias e pouca produtividade.
Jogadores atuando em lados invertidos ou com funções que alteram as características do seu jogo, e, em contra-partida, aparente má vontade de alguns em cooperar com o funcionamento de um novo sistema.
O tempo ensina que quando há ruído na comunicação entre o treinador e os jogadores a culpa é do comando.
O que faz Juan, no gerenciamento do elenco e na interface com a direção da pasta?
O que faz Bruno Spindel, além de viajar mundo afora carregando a mala com o dinheiro que compra o milionário elenco?
O que faz Marcos Braz, afora contratar e vender jogadores?
Seja lá o que for, não está bom.
Não tem boa gestão de elenco.
A saída de JJ deixou o futebol do Flamengo mais pobre, não só tática e tecnicamente.
A disciplina, o aspecto mental e a preparação física também foram impactados.
Ou seja: demitir Paulo Sousa agora não alterará a rotina de vice-campeonatos – cinco nos últimos quatro meses, contando o da Taça GB.
Antes que o clube assuma outra indenização milionária, é preciso que cada um assuma sua responsabilidade no processo.
Sob pena de estar por vir mais um fiasco…