
O DIA: Desde o começo da gestão de Rodolfo Landim, o vice de futebol Marcos Braz e o diretor executivo Bruno Spindel são os nomes fortes na montagem do elenco e na gestão do Flamengo. Bastante elogiados principalmente em 2019, os dois vem recebendo críticas nos últimos anos no Rubro-Negro. De acordo com informações do portal “Diário do Fla”, o nome de Leonardo, que está de saída do PSG, vem sendo ventilado no clube carioca como uma possível alternativa para substituir um dos dois.
Leonardo foi revelado pelo Flamengo como jogador de futebol no fim dos anos 90. Identificado com o clube carioca e assumidamente torcedor seu nome agradaria bastante o clube carioca. Ele deverá deixar o PSG após o fim da temporada europeia. No clube francês, ele atua desde 2019 como diretor executivo.
Tetracampeão pela seleção brasileira em 1994, Leonardo também já foi treinador, tendo dirigido o Milan e a Inter de Milão. Como dirigente, além do PSG, ele também passou pelo Milan e teve uma passagem anterior pelo clube francês em 2011.
Em 2009, o então dirigente do Milan, sugeriu que o Flamengo fosse vendido. Relembre trechos da entrevista ao Jornal O Globo:
O Flamengo vive um ano turbulento, mas está prestes a decidir mais um título. Uma conquista não encobriria a gravidade da situação?
LEONARDO: A vitória está no DNA do Flamengo, que nasceu para produzir glórias. Estamos torcendo, mas é importante lembrar que a forma como é administrado está completamente falida. Para dar sustentabilidade ao clube no futuro, é preciso haver mudanças.
A situação é irreversível?
LEONARDO: É um sistema que não tem mais como sobreviver, pois hoje não há como injetar o que o Flamengo mais precisa, que é dinheiro. Tem uma dívida pública, privada, não tem crédito e não tem liderança. Todas as lideranças que passaram pelo clube foram esgotadas, e nascer uma nova só acabando com a atual. Essa estrutura foi vencedora, não dá só para marretar, mas não tem mais como viver. Ela ganhou, emocionou, produziu dinheiro, mas hoje não consegue mais, e não vai conseguir. A gente fala que o Flamengo é a marca, e ela produz o quê? Dívida, insucesso esportivo e confusão. Tem que ser humilde, né?!
Como se daria a mudança?
Há dois caminhos: o primeiro é o Estado intervir, como aconteceu na Inglaterra, na Espanha, em Portugal, ainda que o Brasil não tenha política para isso. Diante de associações falidas, o governo disse: ou vocês se transformam em alguma coisa, ou vão acabar, porque os sócios terão que arcar com o peso. A segunda é a minha proposta: abre o clube, vende o Flamengo. O que é o Flamengo? Uma grande marca, esportivamente a maior do Brasil, um direito federativo de disputar um campeonato, e o seu patrimônio, que é a paixão de 38 milhões de pessoas. O resto não pode nem ser considerado, pois, como capital, é irrisório.
Mas é possível vender?
LEONARDO: Tudo é possível. Pode chamar de venda, cessão de direitos de imagem, cessão de direitos federativos, tem várias maneiras. A verdade é que vai ter uma gestão independente, pela qual alguém pode botar dinheiro, fazer contas, perder ou ganhar e ir adiante, mas vai ter sempre seu maior patrimônio, a torcida.
Mas você fala exclusivamente do futebol?
LEONARDO: Essa é uma questão cultural. O que tem de existir é uma estrutura sustentável. O futebol é quem gera receita. A marca vai ser cedida a uma empresa que vai administrá-la como time de futebol. Hoje, tudo que se consegue no Flamengo é na base da amizade. É o cara que é amigo da Nike, da Petrobras, me dá uma força aqui, me adianta ali, a CBF dá uma ajudinha e a coisa vai andando. Assim fica difícil sanear um clube com a dívida que tem. Profissionalizar não significa contratar gente. É construir uma estrutura que se enquadre no mercado. Hoje, o Flamengo está fora do mercado.
A reação do torcedor não pode ser negativa?
LEONARDO: O torcedor, num primeiro momento, vai se perguntar: vão vender a minha paixão? Mas, hoje, o Flamengo está na mão de quem? Está na mão de uma estrutura viciada, de gente que vive daquilo, do empresário que ganha com venda de jogador. A Parmalat foi dona do Palmeiras por dez anos, só não tinha um estatuto que dizia isso, era combinado. A Unimed é praticamente dona do Fluminense, compra e vende jogador, faz tudo, e o Fluminense ganha percentual. É inversão de valores.
Como seria o processo?
LEONARDO: O Flamengo já pensou nisso, mas sempre mantendo sua associação de membros como majoritária da empresa. Estou falando de uma coisa radical, em que você elimina o que está acontecendo. Os dirigentes, que fizeram a história do clube para o bem e para o mal, e estão lá se perpetuando há 30 anos, seriam os vendedores. O clube está nas mãos deles, podem pilotar a transformação.
Você se vê participando desse processo?
LEONARDO: Todos eles (os dirigentes) me ligam para voltar e ser presidente, ou fazem outras pessoas ligarem. Eu nunca vou ser presidente dessa estrutura, do Clube de Regatas do Flamengo, associação sem fins lucrativos. Agora, se puser à venda, eu vou tentar juntar as peças. Pode ser que eu não consiga, mas vou tentar. E se eu não conseguir, alguém consegue. Dizem que o Flamengo é uma nação, mas, administrativamente, não é de ninguém. Como a instituição é frágil, jogador já chega de passagem. Nego (sic) faz o que quer. No clube, não tem quem seja capaz de comandar um novo modelo. Então, chegou a hora: pede o boné e sai.