FERJ se alia à Lagardère e Flamengo promete oposição radical.
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Torcida do Flamengo – Foto: iFlamengo News |
BASTIDORES FC: O Flamengo retomou recentemente, após um pedido de desculpas de Rubens Lopes no tribunal, o diálogo com o mandatário da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj). Mas a relação está perto de estremecer novamente. A entidade se aliou à francesa Lagardère e a BWA, de Bruno Balsimelli, figura conhecida pelos dirigentes dos clubes cariocas de alguns anos atrás, pelo Maracanã. A atual concessão, que está com a Odebrecht, deverá ser repassada para as duas empresas que formam a LUArenas. A Ferj, caso se confirme a operação, será a responsável pela operação de jogos.
O plano de negócios que vem sendo apresentado pelos franceses e pela BWA inclui entre 10 e 12 datas por ano de eventos de entretenimento, a princípio sem afetar calendário do futebol. A Ferj não entraria diretamente como sócia da concessão, mas já alinhou a parceria. Nos corredores da Gávea, como o clube já havia afirmado em nota oficial no primeiro semestre, a posição é radical. Neste momento, a cúpula do Flamengo nem pensa em ceder e já se prepara para uma nova guerra.
Apesar dos rumores de que será feita uma proposta “irrecusável” aos rubro-negros, que têm contrato com a concessionária somente até o fim deste ano, um cartola rubro-negro, questionado se a posição se manteria tão radical mesmo com a situação definida, respondeu:
– Mais do que nunca.
O Flamengo mantinha esperança de que a discussão interna no Governo Estadual em torno da segurança jurídica de manter a atual licitação – alvo de ação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) – poderia mudar o panorama, mas a decisão de vender a concessão já está tomada.
Dessa forma, o Flamengo busca opções para jogar em 2017 – já ciente de que a própria Ferj deverá marcar clássicos para o Maracanã. A avaliação é de que o prejuízo (esportivo e financeiro) de ficar sem o estádio em 2016 não é suficiente para fazer o clube ceder. Porém, já houve uma relação próxima entre os dois, especialmente entre 2007 e 2009. Na época, diversos clubes cariocas, incluindo o da Gávea, já recorreram à Ingresso Fácil – braço da BWA – por empréstimos com juros mensais de até 4,91% normalmente pagos com crédito em bilheteria.
O martelo foi batido por Julio Bueno, ex-candidato à presidência do Fluminense e cujo filho, Diogo, está em uma das chapas para a eleição no clube neste ano. Bueno foi secretário de Desenvolvimento e foi substituído no cargo de secretário de Fazenda em meio a uma crise, em julho deste ano, mas pemaneceu como assessor especial do governador.
O Fluminense é outra parte favorável à manutenção da atual concessão. O clube tem um contrato que chegou a causar rusga interna na Odebrecht, pois na prática ficou com 40 mil lugares a custo zero. No seu acordo, o Tricolor tem os setores Norte e Sul, e a concessionária os setores centrais – que dificilmente enchem -, além de toda a despesa de operação.
O governo já vinha tentando há meses vender, sem sucesso, a concessão. Com o impasse, a nova licitação ganhou força, e chegou a ser anunciada pela Casa Civil. Mas A oferta dos franceses agradou e surgiu como a saída mais fácil. Apesar do receio da ala jurídica em relação à ação do MP-RJ, haverá eleição em dois anos e o argumento contrário nas discussões é de que dificilmente haverá uma decisão definitiva da Justiça sobre a atual licitação antes disso.
Aceitar o pedido de rescisão da Odebrecht sem ônus significaria um prejuízo em meio a uma grave crise do Estado. Ou seja, mais uma briga jurídica certa no caso de nova licitação – que dificilmente se consolidaria antes de junho de 2017. Nesse período, portanto, o governo, através da Suderj, teria de reassumir a operação, o que vem sendo descartado desde que a Odebrecht oficializou a intenção de devolver o Maracanã, em julho deste ano. A Ferj já busca, desde então, parceiros para entrar na operação do estádio.